Trabalho e Formacao

Reforço que vem de longe

postado em 30/03/2014 11:48
O setor de tecnologia da informação está em busca de profissionais com a qualificação de Rui e de AlexsandraO analista de métricas Rui Braga, 28 anos, veio de Maceió, há dois anos e meio, para ajudar a suprir a carência por profissionais qualificados no setor de tecnologia da informação em Brasília. Graduado em ciência da computação, ele precisou tirar um certificado específico para atuar na área e deve renová-lo a cada três anos. ;Às vezes, você até acha emprego quando não tem qualificação, mas com salário muito baixo;, relata. Colega de Rui, a analista de requisitos Alexsandra Santos, 25 anos, fez até uma pós-graduação. ;Comecei como estagiária na área de teste e, com o tempo, cresci dentro da empresa;, conta.

A dificuldade de encontrar trabalhadores com a preparação necessária no setor de tecnologia da informação é sentida há quatro anos, segundo Marcus Edrisse, vice-presidente de Negócios para o Setor Público na empresa em que Rui e Alexsandra trabalham, a Cast Informática. ;A demanda do mercado aumentou muito, em função do crescimento econômico no país, mas os profissionais não foram formados na mesma velocidade;, afirma. ;Nós temos permanentemente aberto um número significativo de vagas. É uma busca contínua, porque crescemos razoavelmente;, completa.

Roberto Mayer, vice-presidente de Relações Públicas da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro), lembra que o problema não atinge apenas o Brasil, mas todos os países que fazem um trabalho significativo na área. ;Faltam tanto pessoas com perfil técnico especializado quanto profissionais de nível gerencial;, afirma. Ele elogia iniciativas do governo de ampliação da oferta de cursos técnicos e com o programa Brasil Mais TI, que oferece uma plataforma de ensino a distância, mas critica o fato de elas serem pontuais e não abrangerem uma política mais ampla. No entanto, Mayer acredita que ainda é possível solucionar a questão. ;Esse é um problema que ainda temos tempo de equacionar, mas, se não fizermos isso nos próximos anos, a competição vinda de outros países acabará tomando uma fatia maior do mercado nacional;, alerta.

O problema que atinge a área de tecnologia da informação é sentido em todo o setor de serviços, considerado a principal porta de entrada no mercado de trabalho e responsável pela maior parte do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Levantamento feito pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) reforça a reclamação das empresas e mostra indícios de escassez. ;Mesmo contratando mais, o empresário teve que ofertar um salário ainda maior;, observa o economista da CNC Fabio Bentes. Apesar de o número de contratações ter crescido 42,9%, os salários pagos aos profissionais do setor de TI aumentaram 21,6%. Situação semelhante ocorre na construção e no comércio varejista, segundo o estudo.

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