Trabalho e Formacao

Parceria de mãe e filha

Elas fundaram, há mais de dez anos, um curso-conceito de espanhol, focado em aulas adaptadas às necessidades dos alunos e em experiências vivenciais

Ana Paula Lisboa
postado em 14/07/2014 09:56


 (Paula Rafiza/Esp. CB/D.A Press)


O ambiente da recepção é aconchegante, lembra a sala de uma casa, mas se trata de uma escola de idiomas diferente. O lugar é pequeno, e alunos, professores e funcionários se conhecem pelo nome. Todos são recebidos com ;;Hola! ;Qué tal?;. Empolgadas, Maria Abadia Sturari, 61 anos, e Carolina Sturari Barreto, 33, criam um ambiente prazeroso para as aulas, que fogem do tradicional. É como se sentir em casa: até lanchinhos são oferecidos aos estudantes. É assim que mãe e filha lideram o curso de espanhol ;Bravo, fundado na 309 Norte em 2003. A parte pedagógica fica a cargo da filha, enquanto a mãe cuida da gerência da instituição.

A escola surgiu numa salinha, onde Carolina fazia de tudo: lecionava, atendia ao telefone, limpava; Um ano depois, ganhou o reforço necessário para avançar. ;A Carol entendia muito de espanhol e de aulas, mas não tinha experiência em organizar um negócio. Foi aí que eu deixei a sociedade em uma confecção de roupas de festa para trabalhar com a minha filha;, conta Abadia. Apesar de estar arriscando, foi uma aposta certeira. ;Eu tinha certeza de que daria certo.;

;O nosso diferencial é trabalhar em cima das necessidades do aluno. Temos turmas especializadas e pequenas, com no máximo oito pessoas. É o primeiro curso-conceito de espanhol no Brasil. É conceito porque você despadroniza a ideia que se tem do ensino de idiomas;, explica a professora Carolina. O curso básico dura dois anos. ;Somos o contrário de instituições que prendem o estudante para que ele pague mensalidades por muito tempo. Sabemos que dá para aprender com rapidez e adquirir fluência com aulas diferenciadas e cheias de vivências;, acrescenta. ;Aqui o aluno não é um número, é uma pessoa. Não queremos turmas cheias só para ganhar mais;, esclarece Abadia.

Além dos módulos tradicionais, há treinamentos personalizados para viagens, para quem vai fazer o concurso para diplomata e para outras necessidades. Ali, as tradicionais carteiras são substituídas por mesas de reunião. Os conteúdos não se limitam aos livros didáticos, que são apenas um complemento. Toda aula é obrigatoriamente repleta de materiais que vão além das páginas, como músicas, vídeos, jogos, notícias.

;A pessoa que viveu fora fala melhor o idioma porque aprendeu por meio da vivência. É o que procuramos ter aqui. Na hora de ensinar nomes de produtos, não damos uma lista. Os alunos fazem um tour por um supermercado. O aprendizado sobre características físicas se dá por meio de jogos de tabuleiro;, compara Carolina. O modelo tem dado certo. ;Nunca fizemos propaganda. As pessoas chegam por indicações de outros estudantes que ficaram satisfeitos;, diz Maria Abadia.

Time seleto

No curso de espanhol ;Bravo, além de Carolina e Abadia, trabalham duas secretárias e dez professores. ;Todos têm formação pedagógica. São nativos ou pessoas que tiveram experiências no exterior, que passam por teste, entrevista e treinamento específico durante vários dias para dominar a nossa metodologia;, garante Carolina. ;Não é só porque nasceu num país que fala espanhol que alguém sabe ensinar bem. Existe muito professor travado. No treinamento, identificamos tudo isso.; Segundo as empresárias, o curso é de espanhol, mas a pontualidade é britânica, mesmo em casos de imprevistos. ;A Carolina mora aqui na quadra. Em caso de doença ou outro problema de um professor, ela chega em 3 minutos para dar aula. Os alunos nem vão perceber o problema;, conta Abadia.

Paixão pelo idioma
A história de mãe e filha com a língua hispânica começou quando o patriarca da família, Raul Sturari, professor militar, foi convidado para trabalhar em El Salvador durante dois anos. Todos tiveram que aprender o castelhano às pressas. Foi no país da América Central que, depois de adquirir fluência, Carolina passou a ensinar espanhol para brasileiros ainda na adolescência. De volta ao Brasil, aos 17 anos, a jovem não parou mais de lecionar. Com fluência adquirida durante a temporada no exterior, Carolina estudou cultura hispânica e se graduou em letras português-espanhol.

;Nas diversas escolas em que trabalhei, eu via muita coisa que não achava certo. Turmas grandes, professores sem conhecimento pedagógico;;, critica. Motivada pelas próprias experiências negativas, Carolina resolveu criar um curso diferente, personalizado para as necessidades do aluno. Até as experiências negativas foram úteis. ;Tudo de que não gostamos em cursos comuns, usamos para fazer diferente aqui. É assim que o nosso negócio dá certo;, indica Abadia.

;Tudo de que não gostamos em cursos comuns, usamos para fazer diferente aqui. É assim que o nosso negócio dá certo;
Maria Abadia Sturari

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