Mundo

Vítimas criticam extradição de paramilitares colombianos

As famílias temem que os paramilitares não respondam pelos crimes cometidos na Colômbia

postado em 14/05/2008 20:01
Vítimas de milícias paramilitares na Colômbia temem nunca saber o destino de parentes, nem receber indenização pelos crimes desses grupos, após a extradição de 14 de seus líderes para os Estados Unidos. As famílias dizem que novos julgamentos levarão os criminosos a se calarem sobre crimes cometidos na Colômbia, já que os processos nos EUA são relacionados a drogas, e não aos 10 mil colombianos mortos pelos paramilitares de extrema-direita e às outras graves acusações sofridas no próprio país. "Esses homens não irão confessar seus crimes, agora que estão fora daqui", disse Maria Eugenia Cobaleda. Ela culpa Diego Fernando Murillo pela desaparição de seus dois irmãos, há dez anos. "Como descobrirei onde meus irmãos estão enterrados?" Entre os 14 extraditados estão Salvatore Mancuso, Murillo e outros importantes líderes das milícias de extrema-direita, envolvidas em algumas das piores atrocidades realizadas no país. Segundo a Comissão Nacional de Reparação e Reconciliação, 130 mil pessoas submeteram reclamações formais de "crimes bárbaros" contra os paramilitares. Entre eles estão assassinatos, estupros, seqüestros e desaparições. Funcionários dos Estados Unidos se comprometeram a cooperar com os promotores colombianos. O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, anunciou que qualquer bem tomado dos líderes paramilitares será utilizado para recompensar as vítimas. As milícias paramilitares se formaram na década de 1980 para proteger fazendeiros mais ricos e traficantes das extorsões e seqüestros realizados por rebeldes de esquerda, como os membros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Porém, esses grupos de extrema-direita acabaram cometendo os mesmos crimes, deixando pelo menos 10 mil pessoas mortas na década passada, incluindo dezenas de sindicalistas.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação