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OEA discutirá crise política da Bolívia

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postado em 30/05/2008 17:12
MEDELLÍN - A crise política na Bolívia, onde, no último sábado, partidários do presidente Evo Morales foram humilhados por opositores, ocupará um espaço de destaque na Assembléia Geral da OEA em Medellín, Colômbia, que começa no domingo (01/06), no mesmo dia de um novo referendo de autonomia em dois departamentos do país andino. A Organização dos Estados Americanos, que mantém atualmente uma missão mediadora para tentar resolver a crise na Bolívia - onde governo e oposição se enfrentam em torno da aprovação de estatutos regionais de autonomia, considerados ilegais pelo presidente Morales -, pode até emitir uma nova resolução sobre o caso durante sua reunião na Colômbia, disse à imprensa o secretário-geral do organismo, José Miguel Insulza. Em sua última resolução sobre a Bolívia, ratificada no dia 3 de maio em Washington - horas antes do primeiro referendo autônomo aprovado no departamento de Santa Cruz -, a OEA expressou sua "solidariedade e apoio ao povo da Bolívia, ao governo constitucional (...), à institucionalidade democrática e às autoridades eleitas pelo povo boliviano". O Conselho Permanente do organismo, que reúne os embaixadores dos 34 países membros ativos da instituição - todos menos Cuba, que teve suas funções suspensas -, condenou na ocasião "qualquer tentativa de ruptura" da ordem constitucional e da integridade territorial do país. Referendos de autonomia O próximo referendo de autonomia será realizado pelas regiões bolivianas de Beni e Pando no próximo domingo (01/06), quando será inaugurada a Assembléia Geral da OEA em Medellín. Outra consulta popular com o mesmo fim acontecerá no departamento de Tarija no dia 22 de junho. Em um contexto de tensões crescentes entre a oposição, revoltada com um projeto de Constituição promovido pelo governo de Morales, e o Executivo, que considera ilegais os estatutos de autonomia, uma onda de violência assustou o país no sábado em Sucre, 580 km de La Paz. Nesse dia, Morales se viu obrigado a suspender um ato político no qual entregaria ambulâncias e anunciaria a construção de moradias populares na cidade, devido a violentos protestos organizados por grupos radicais ligados a organizações civis de direita. Violência Os distúrbios deixaram 27 pessoas feridas, a maioria camponeses partidários de Morales, atingidos pelos manifestantes com paus e pedras e pela polícia, que lançou bombas de gás lacrimogêneo, de acordo com a mídia local. Os camponeses atacados tentavam chegar ao estádio Pátria para ver o presidente Morales. Cerca de 20 camponeses quéchuas foram humilhados e obrigados a marchar seminus até a praça de armas de Sucre, onde tiveram que se ajoelhar e gritar slogans contra Morales. Na quinta-feira (29/05), a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), subordinada à OEA, emitiu um comunicado condenando a violência "racista" contra camponeses partidários de Morales. "A CIDH lamenta e condena enfaticamente essas agressões, e repudia seu caráter racista e discriminatório. Nesse sentido, a Comissão faz um apelo ao diálogo basedo na tolerância e no respeito aos direitos humanos", escreveu o organismo. A OEA, por sua vez, enviará missões de observação para o referendo, marcado para o dia 10 de agosto, que validará ou revogará os mandatos do presidente, do vice-presidente e de nove prefeitos da Bolívia, informou Insulza na semana passada.

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