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Sucessão nos EUA está dentro do roteiro

Encerrando a turnê pelo Oriente Médio, Barack Obama reafirma compromisso com Israel, renova o veto a um Irã com armas nucleares e promete ;não perder um minuto; na busca da paz com os palestinos

postado em 24/07/2008 12:04

Barack Obama encerrou a primeira etapa de sua viagem de estréia no cenário internacional com a sensação do aluno que entregou à professora o dever de casa. Em visita a Israel e à Autoridade Palestina (AP), o candidato da oposição democrata à Casa Branca cumpriu à risca o roteiro traçado pelos estrategistas de política externa, preocupados com a clara vantagem que o adversário do Partido Republicano, o veterano senador John McCain, leva no debate sobre o tema. O jovem senador de origem africana (e muçulmana) reafirmou apoio a Israel e o compromisso de impedir que o Irã obtenha armas nucleares. Também prometeu dar impulso ao processo de paz entre israelenses e palestinos, mas ;sem impor concessões; aos aliados de Jerusalém.

Brasileiros simpatizam com Obama

A primeira escala da visita foi o memorial de Yad Vashem, dedicado às vítimas do Holocausto. Mas foi em Sderot, no sul de Israel, diante de uma pilha de carcaças de foguetes lançados sobre a cidade por extremistas palestinos do Hamas, a partir da Faixa de Gaza, que Obama se dedicou a desfazer dúvidas sobre a aliança inabalável entre os EUA e o Estado judeu. ;As ameaças à segurança de Israel começam aqui, mas não acabam aqui;, afirmou. A referência velada às relações entre o Hamas e o regime iraniano foi explicitada em seguida. ;Um Irã com armas nucleares seria um fator capaz de mudar toda a situação, não apenas no Oriente Médio, mas em todo o mundo;, advertiu o candidato. Obama reafirmou a decisão de lidar com Terrã combinando engajamento diplomático e pressão militar ; ;com as cenouras e os porretes; ;, uma opção que o colocou sob desconfiança da maioria dos dirigentes políticos e cidadãos israelenses. Mas ontem obteve o aval do líder da oposição direitista, Benjamin Netanyahu, cotado entre os candidatos a encabeçar o próximo governo. ;Concordamos em que a prioridade de nossa política externa deve ser impedir que o Irã obtenha armas nucleares;, disse Netanyahu após encontro com o visitante. O candidato americano foi a Sderot em companhia do ministro da Defesa, Ehud Barak, líder do Partido Trabalhista. À noite, foi recebido com um jantar pelo primeiro-ministro Ehud Olmert, do partido centrista Kadima. Antes, porém, o senador democrata foi a Ramallah, no território palestino da Cisjordânia, reunir-se com o presidente a AP, Mahmud Abbas, e o negociador-chefe no processo com Israel, Saeb Erekat. Ainda em Sderot, Obama disse à imprensa que ;um acordo de paz duradouro corresponde fortemente ao interesse nacional de Israel;. Na sede da AP, ignorada por McCain quando visitou Israel, em junho, o candidato democrata prometeu ;que não perderá um minuto sequer (na busca da paz), porque acredita que pôr fim a esse conflito contempla o interesse nacional dos EUA;. Olho no voto Apesar da recepção cerimoniosa oferecida pelas autoridades israelenses e palestinas, a visita de Obama teve pouco impacto entre a opinião pública. Suas declarações enfáticas sobre Israel causaram decepção entre os árabes, mas o técnico contábil Salah Al-Jabsha, de Ramallah, disse compreender que ;ele precisa mostrar apoio para ganhar votos;. O outro lado do conflito também entende as conveniências eleitorais do candidato. Embora tenha apoio de apenas 20% dos israelenses, contra 43% que preferem McCain, o democrata leva o voto judaico nos EUA com uma margem de 60% a 33%. ;As pessoas aqui sabem que ele não veio exatamente por elas, que, quando beija uma criança israelense, está na verdade beijando uma criança judia americana;, comentou em Jerusalém Cameron Brown, do Centro de Pesquisas sobre Questões Globais. ;Isso não tem nada demais, mas todo mundo percebe.; Leia mais no Correio Braziliense

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