Mundo

Obama relembra Abraham Lincoln em primeiro ato de campanha com Biden

;

postado em 23/08/2008 17:52
O primeiro candidato negro à Casa Branca, o democrata Barack Obama, e seu recém-nomeado candidato à vice-presidência, Joe Biden, iniciaram neste sábado (23/08) sua corrida presidencial conjunta em Springfield, no Estado de Illinois, à sombra de Abraham Lincoln (1861-1865), o presidente que aboliu a escravidão nos Estados Unidos. O lugar escolhido para o lançamento da chapa é o mesmo onde, em uma fria manhã de fevereiro de 2007, o jovem senador por Illinois anunciou sua candidatura à Presidência: um palanque em frente ao edifício do velho Capitólio estadual da terra adotiva de Lincoln. Foi nesse mesmo local que, em 1858, Lincoln lançou sua campanha para o Senado, durante a qual deixou para a história um dos discursos mais famosos de um político, no qual exortou que a nação, "uma casa dividida" pela escravidão, se fortalecesse na união. Ali também foi velado o corpo do presidente, assassinado em 1865. O vínculo que Obama cultivou com a figura de um dos maiores líderes da história americana inclui aspectos da história pessoal de ambos que os aproximam: os dois foram, em seu tempo, adventícios na política de Illinois e dentro dos partidos pelos quais foram candidatos. Lincoln, filho de um casal humilde e de pouca educação de Kentucky, foi o primeiro presidente nascido fora das 13 colônias das quais surgiram os EUA. Obama, filho de um queniano e de uma mulher branca do Kansas, nasceu no Havaí e passou parte da infância na Indonésia. Os dois, homens altos e magros, fizeram carreira como advogados em Illinois, e um dos aspectos mais notáveis de sua imagem pública é a oratória inspiradora. Lincoln procedia do Partido Whig quando foi escolhido para ser o candidato do novo Partido Republicano à Presidência dos EUA. Obama obteve a candidatura democrata sem estar pessoalmente empenhado na tradicional militância pelos direitos civis dos negros no país. Guerra Em 1847, recém-chegado à Câmara de Representantes, Lincoln foi contra a guerra dos EUA contra o México. Em outubro de 2002, quando o Congresso dos EUA discutia a resolução que autorizou o presidente George W. Bush a invadir o Iraque, Obama, que na época era senador em Illinois, levantou sua voz. "Eu me oponho é à tentativa de desviarem o foco do aumento do número de pessoas sem seguro de saúde, do aumento da pobreza, da queda da renda real", afirmou Obama no Senado de Springfield, a capital de Illinois. "A isso me oponho. A uma guerra estúpida. A uma guerra que não se sustenta na razão, mas na paixão, não nos princípios, mas na politicagem", argumentou. Quando os EUA, divididos, completaram três anos de guerra interna pela manutenção ou abolição da escravidão, em 1864, Lincoln decretou a libertação de todos os escravos que chegassem ao território da União. No entanto, Lincoln sabia que, para que essa política fosse permanente, seria necessária uma emenda constitucional. Poucos dias depois do começo do segundo mandato de Lincoln, em janeiro de 1865, o Congresso apresentou aos legislativos de vários estados uma proposta para a 13ª emenda da Constituição dos EUA, segundo a qual "nem a escravidão nem a servidão involuntária (...) existirão nos Estados Unidos ou em qualquer território sob sua jurisdição". Lincoln foi assassinado em abril, e a emenda se tornou parte da Carta Magna em dezembro, depois de ter sido ratificada por 27 dos estados da União. E se Lincoln entrou para a história como "o grande emancipador", Obama aspira se tornar o "grande conciliador" que guiará os EUA a uma era na qual superarão o racismo.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação