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Declarações do prefeito de Roma sobre o fascismo causam polêmica na Itália

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postado em 08/09/2008 14:15
ROMA - A opinião do prefeito de Roma, Gianni Alemanno, de que o fascismo não encarnava "o mal absoluto" causou polêmica na Itália e levou fontes da comunidade judaica a pedir explicações ao político de direita. Em entrevista divulgada domingo pelo jornal "Corriere della Sera", realizada durante a visita do prefeito de Jerusalém, Alemanno, ex-dirigente do neofascista Movimento Social Italiano, herdeiro do movimento fundado por Benito Mussolini, afirmou que "não acho, nem nunca achei que o fascismo encarnava o mal absoluto". "O fascismo foi um fenômeno muito complexo. Muitas pessoas aderiram ao fascismo de boa fé e não acredito que todas elas possam ser rotuladas com esta definição", comentou. "O mal absoluto foram as leis raciais adotadas pelo fascismo, as quais acabaram provocando seu fim político e cultural", reconheceu Alemanno, atual dirigente do partido de direita Alianza Nacional. Para Alemanno, as leis raciais foram "uma concessão ao nazismo e não fazem parte da ideologia inicial do fascismo". A oposição o acusou, depois destas declarações, de omitir as perseguições políticas e abusos cometidos pelo regime de Mussolini contra seus opositores. "As leis raciais foram adotadas pelo regime fascista. Me parece difícil separar as duas coisas. Quando abordam temas tão importantes, precisam ser mais prudentes", lamentou o presidente das comunidades judaicas da Itália, Renzo Gattegna. "Alemanno nos deve bons esclarecimentos", comentou Riccardo Pacifici, responsável da comunidade judaica em Roma. Hoje, por ocasião do 65º aniversário do início dos combates pela liberação de Roma, Alemanno voltou a abordar o tema. "Entender a complexidade do fenômeno totalitário na Itália e prestar homenagem aqueles que combateram de boa fé e perderam a vida nesse frente não significa que não se condene firmemente o aspecto libertino e antidemocrático desse regime", declarou. A promulgação das leis raciais em setembro de 1938 permitiram a deportação para a Alemanha nazista de aproximadamente 8 mil judeus italianos durante a II Guerra Mundial.

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