Mundo

ARTIGO: As possibilidades da medicina personalizada

;

postado em 30/11/2008 07:00
Carlos Gropen Jr.* Derivado do Projeto Genoma Humano, testes genétcos individuais podem apontar predisposições a certas doenças e, assim, medidas podem ser tomadas antes de os problemas aparecerem. Um pessoa que tem alta possibilidade de câncer de cólon pode se preparar com uma dieta rica em fibras ou exames de detecção mais freqüentes. As possibilidades, teoricamente, são muito grandes, uma vez que empresas já oferecem testes para um conjunto de genes relacionados a algumas doenças. Tal conhecimento poderia ser usado para antecipar a prevenção e, potencialmente, aumentar o binômio qualidade-quantidade de vida. Sabe-se que o funcionamento do aparato genético celular é bem mais complexo que o conhecimento da seqüência do DNA. Os testes e a aplicação ampla dos resultados dependerão de muitas pesquisas para avaliar qual a real utilidade de um teste genético completo. Os genes, na maioria das doenças, têm um funcionamento complexo, sendo a doença resultado da inter-relação de vários atores bioquímicos e a forte ação de um componente externo, ambiental. Para se ter uma idéia da complexidade do processo genético, bem além do seqüenciamento, pergunta-se: Onde está o relógio? Ou melhor quais são os genes envolvidos e como funciona o nosso relógio interno, que seria o marcador do tempo e do processo de envelhecimento? Seria a chave da imortalidade natural. Conhecemos a seqüência, mas sabemos pouco de como o processo realmente funciona! Outro aspecto nebuloso seria a possibilidade da era da discriminação gênica. Um indivíduo poderia ser excluído de uma vaga a um emprego por um gene relacionado à esquizofrenia, cuja probabilidade real de desenvolvimento pode ser quase nula ou pelo menos muito imprecisa, à luz dos conhecimentos atuais. Apesar de algumas aplicações práticas e extremamente caras já estarem disponíveis, uma última pergunta nos resta: Estariam os sistemas de saúde mundiais e, em especial o nosso, preparados para gastos, enquanto muito das tratamentos bem consolidados e práticos ainda não passam de ficção? * Consultor de saúde do Correio Braziliense e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB)

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação