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Exército de Israel inicia invasão por terra à Faixa de Gaza

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postado em 03/01/2009 17:09
O Exército israelense lançou na noite deste sábado sua ofensiva terrestre na Faixa de Gaza, com tropas militares entrando pelo norte deste território controlado pelo Hamas, informou uma porta-voz militar. "Posso confirmar que tropas israelenses entraram" na Faixa de Gaza, um território controlado pelo movimento radical islâmico Hamas, alvo de uma ampla operação israelense que já deixou mais de 460 mortos desde o dia 27 de dezembro, declarou a porta-voz à AFP. Escute a entrevista exclusiva do repórter do Correio Rodrigo Craveiro com o sargento Luiz Cesar Barbosa, do pelotão Givat, das Forças de Defesa de Israel (IDF), que participa da invasão à Faixa de Gaza. A conversa ocorreu pouco antes do início da ofensiva por terra. Leia cobertura completa na edição impressa do Correio Braziliense deste domingo Autoridades de defesa dizem que cerca de 10 mil soldados foram reunidos ao longo da fronteira nos últimos dias. Israel bombardeia alvos pertencentes ao Hamas na Faixa de Gaza há uma semana, na tentativa de impedir que os militantes islâmicos disparem mísseis em direção à região sul do país. Mais de 460 palestinos morreram até agora, além de quatro israelenses. As tropas israelenses entraram por áreas desertas do norte do território, segundo testemunhas palestinas. Tanques israelenses abriram fogo no norte de Gaza, e o Hamas respondeu com obuses de morteiro, relataram testemunhas à AFP. Segundo estas testemunhas, explosões e tiros de tanques foram ouvidos ao norte do campo de refugiados de Jabaliya, no lugar onde as tropas israelenses adentraram várias centenas de metros no território palestino, com o apoio de helicópteros Apache. Os combatentes palestinos responderam com tiros de morteiro, segundo as mesmas fontes. Na cidade de Gaza, uma criança palestina morreu e outras 11 ficaram feridas na explosão de um obus de tanque israelense, segundo fontes médicas e testemunhas. O obus caiu sobre uma casa do bairro de Zeitun, no leste da cidade, destacou Muawiya Hassanein, diretor dos serviços de emergência para a Faixa de Gaza. Trata-se da primeira vítima confirmada da ofensiva terrestre israelense neste território. Muitas pessoas também foram feridas por outro disparo de tanque israelense em Beit Lahya, no norte da Faixa de Gaza, informaram testemunhas e familiares das vítimas. De acordo com o governo israelense, o objetivo da operação é "tomar o controle" dos setores da Faixa de Gaza de onde são disparados os foguetes contra Israel. "O Exército israelense pretende tomar o controle dos setores de onde são disparados os foguetes", destacou a presidência israelense do Conselho em comunicado. Ofensiva vai durar 'muitos dias' A ofensiva terrestre vai durar "muitos dias", anunciou um porta-voz militar de Israel em comunicado. O escritório do ministro da Defesa, Ehud Barak, anunciou estar mobilizando neste momento milhares de reservistas para a operação. O Hamas ameaçou Israel com duras represálias. "O inimigo vai pagar um alto preço por sua operação em Gaza", advertiu o braço armado do Hamas, as Brigadas Ezzedine al-Qassam, em comunicado divulgado pela rede de televisão do movimento islâmico, Al-Aqsa TV. O Exército também ameaçou com duras represálias os moradores de Gaza que ajudarem os "terroristas" do Hamas. Cronologia SÁBADO 27 DEZEMBRO - Israel lança ofensiva aérea contra o Hamas na Faixa de Gaza para pôr fim aos tiros de foguetes do Hamas (operação "chumbo grosso", de amplitude sem precedente nos Territórios palestinos desde 1967). - O Egito abre o terminal de Rafah, na fronteira com a Faixa de Gaza, para acolher os palestinos feridos. - O chefe do Hamas no exílio, Khaled Mechaal, apela a uma terceira intifada, a revolta. - Pelo menos 230 palestinos são mortos, em maioria policiais do Hamas (fontes hospitalares palestinas). - Apelos internacionais ao fim dos bombardeios e aos lançamentos de foguetes. DOMINGO 28 DE DEZEMBRO - Sinal verde de Israel para a mobilização de 6.500 reservistas. O exército posiciona blindados na fronteira com Gaza. - Israel bombardeia 40 túneis usados para o contrabando de armas na fronteira entre Egito e Gaza. - O Egito volta a fechar Rafah depois que palestinos tentaram forçar a passagem. Um guarda de fronteira egípcio foi morto por tiros provenientes de Gaza. O terminal seguirá aberto ou a fechado, alternativamente. - Manifestações na Europa, nos países árabes e na Cisjordânia, contra os bombardeios. - "A agressão israelense" não permite o prosseguimento das negociações com Israel (Síria). SEGUNDA-FEIRA 29 DE DEZEMBRO - Israel, comprometido numa "guerra sem cartel" contra o Hamas, decreta o setor de fronteira do território palestino "zona militar fechada". - Um quarto israelense é morto por tiros de foguete disparados por palestinos. TERÇA-FEIRA 30 DE DEZEMBRO - As forças terrestres israelenses se dispõem a agir em Gaza (exército). - As operações em curso representam "a primeira fase entre várias outras já aprovadas pelo gabinete de segurança" (Israel). Sinal verde para a mobilização de um novo contingente de 2.500 reservistas. QUARTA-FEIRA 31 DE DEZEMBRO - Prosseguimento dos bombardeios israelenses. Alguns tiros de foguetes palestinos atingem até 40 km. - 106 caminhões de ajuda humanitária internacional transitam de Israel em diração a Gaza (fonte:Israel). - Israel rejeita as propostas de trégua da UE e do Quarteto para o Oriente Médio (Estados Unidos, UE, Rússia, ONU) e afirma que vai prosseguir as operações. - A Liga árabe faz um apelo à reconciliação dos palestinos. QUINTA-FEIRA 1º JANEIRO - O exército israelense anuncia ter enquadrado 30 alvos do Hamas, entre eles "ministérios", um prédio do Parlamento, túneis de contrabando e oficinas "de fabricação de foguetes". - Um dos principais líderes do Hamas, Nizar Rayan, é morto num bombardeio israelense. - Mais de 40 foguetes são atirados de Gaza contra o sul de Israel atingindo principalmente Ashdod e Beersheva. - O primeiro-ministro israelense Ehud Olmert afirma não querer uma "guerra longa". - O Hamas desmente ter aceitado "sob condições" as propostas da UE de trégua. - A chefe da diplomacia israelense Tzipi Livni vai a Paris para se encontrar com o presidente francês Nicolas Sarkozy que, por sua vez, deve realizar uma turnê pelo Oriente Médio. SEXTA-FEIRA, 2 JANEIRO - "Dia de ira": milhares de palestinos se manifestam na Cisjordânia e em Jerusalém, onde os confrontos opõem manifestantes às forças da ordem israelenses. SÁBADO, 3 JANEIRO - Israel lança uma ofensiva aérea contra o Hamas na Faixa de Gaza para pôr fim aos lançamentos de foguetes (operação "chumbo grosso", de uma amplitude sem precedente nos territórios palestinos desde 1967). A ofensiva israelense custou, até aqui, a vida de pelo menos 460 palestinos, entre eles 75 crianças e 21 mulheres, e feriu 2.350, segundo fontes médicas palestinas.

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