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Açaí conquista os EUA como o "fruto milagroso"

Produto amazônico inserido no país por surfistas é oferecido como emagrecedor e rejuvenescedor. Vendas aumentam 70% em um ano

postado em 01/04/2009 08:05
Ah-sigh-EE. Quando dois surfistas norte-americanos arriscaram essa pronúncia em 1999, começaram a abrir espaço para que o nome se transformasse em mania nos Estados Unidos, nove anos depois. Ryan Black e Ed Nichols, então com 24 anos, queriam apenas curtir a virada do milênio no Brasil. ;Ed e meu irmão foram apresentados ao açaí por surfistas da região e ficaram assombrados com o fruto roxo carregado de incrível valor nutritivo;, contou ao Correio, por e-mail, Jeremy Black, de 34 anos, que se juntou à dupla para se tornar um dos jovens milionários dos Estados Unidos. ;Antes do fim de suas férias, eles viram uma oportunidade que beneficiaria as comunidades locais e preservaria a Floresta Amazônica, e começaram a montar um plano para repartir o açaí com o mundo;, afirmou o empresário. Os dois amigos e Jeremy criaram a Sambazon ; Manejo Sustentável da Amazônia Brasileira ;, empresa baseada em San Clemente (Califórnia), e introduziram o fruto da palmeira na América do Norte. Jeremy Black, fundador da Sambazon, colhe açaí no Amapá: fortuna feita com a ajuda do produto brasileiroPara impulsionar o negócio e conquistar o consumidor norte-americano, eles gastaram cerca de US$ 500 mil em investimentos no Brasil e montaram uma indústria de beneficiamento de açaí em Santana, no estado do Amapá, onde empregam 80 brasileiros. ;Nossos produtos são vendidos em mais de 10 mil pontos de distribuição, incluindo lojas de alimentos naturais, mercearias convencionais e máquinas de suco em todo os EUA;, explicou Jeremy. ;Nós compramos os frutos diretamente de agricultores devidamente certificados do Amapá e do Pará, e exportamos centenas de contêineres anualmente;, acrescentou. Patente Mas a Sambazon ;com seus sucos, vitaminas, polpas, sorvetes de açaí e a bebida energética Amazon Energy ; foi apenas o chamariz para que uma série de empresas vendesse o fruto brasileiro como ;milagroso;. Apesar de lucrar anualmente US$ 20 milhões com o açaí, Jeremy descarta planos de patentear o fruto. ;Seria irresponsável buscar tal patente.; Se em 2004, quatro produtos à base de açaí estavam nas prateleiras, no ano passado 53 foram lançados. Entre 2007 e 2008, as vendas aumentaram 70%, de US$ 62 milhões para US$ 106 milhões. O comércio foi impulsionado por estratégias de marketing polêmicas. O site da apresentadora de TV Oprah Winfrey publicou artigos nos quais médicos descrevem as ;maravilhas; do açaí para emagrecimento. Um deles, Mehmet Oz, foi até o programa de televisão e listou o fruto como o campeão no ranking dos 10 alimentos mais saudáveis. Diante da repercussão, Oprah recuou e divulgou um comunicado no qual afirma não endossar produtos de açaí e ofertas online. O fruto roxo amazônico ganhou a alcunha de ;a dieta de Rachael Ray;, em referência à celebridade da rede de TV CBS. Basta uma busca no Google para se entender a febre do açaí nos EUA. Muitos sites oferecem uma amostra grátis do produto. Depois de digitar o número do cartão de crédito, os consumidores precisam pagar até US$ 89 por mês pelo açaí. Os próprios médicos têm reservas em relação às propriedades do fruto e defendem estudos. ;O açaí é rico em poderosos antioxidantes, gorduras ômega, aminoácidos, fibras, proteínas, vitaminas e minerais. O óleo faz bem para a pele e os cabelos;, garantiu Jeremy Black, que descobriu no Brasil a fonte de riqueza.

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