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Zelaya pressiona e Comissão de Verificação inicia trabalhos

Agência France-Presse
postado em 05/11/2009 08:29
TEGUCIGALPA - O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, pediu na noite de quarta-feira (4/11) à população que pressione o Congresso a se reunir para definir sua restituição, em meio à incerteza pela interpretação do acordo que pretende acabar com a crise. [SAIBAMAIS]Ao mesmo tempo, a Comissão de Verificação, criada para acompanhar o cumprimento do acordo em Honduras, iniciou seus trabalhos na quarta-feira, visando a formação de um governo de unidade e reconciliação, informou um de seus integrantes, o ex-presidente chileno Ricardo Lagos. "Assinalamos a necessidade de se constituir e instalar um governo de unidade e reconciliação, de acordo com os termos do compromisso firmado em 30 de outubro", disse Lagos em entrevista coletiva. "A forma de se avançar para este governo de unidade nacional corresponde às partes que firmaram o acordo", ou seja, às comissões negociadoras do presidente deposto, Manuel Zelaya, e do governo de fato, liderado por Roberto Micheletti. O acordo entrega ao Congresso a decisão sobre a restituição de Zelaya - derrubado por um golpe de Estado no dia 28 de junho - e determina o estabelecimento de um governo de unidade nacional, a partir desta quinta-feira. Segundo membros da Comissão de Verificação, já "há nomes" para a formação do governo de unidade nacional. "São pessoas do nosso país que não participaram de situações políticas recentes, e que têm um um amplo currículo e vontade de contribuir", disse Arturo Corrales, representante de Micheletti. A Comissão de Verificação já se reuniu com Zelaya e com Micheletti, com cinco dos seis candidatos à presidência de Honduras, com representantes do Supremo Tribunal Eleitoral e com membros do Congresso hondurenho, destacou Lagos. Zelaya demonstra cada vez mais impaciência a respeito do que considera o não cumprimento do acordo. "Todos os habitantes, mesmo os da União Cívica Democrática, e outros líderes da resistência que ofereceram seu sangue pela democracia, devem se manifestar amanhã (quinta-feira) para que o Congresso não seja a causa do não cumprimento do acordo", declarou Zelaya a rádio Globo. Paralelamente, a União Cívica, uma aliança de organizações que dá apoio ao presidente de fato, Roberto Micheletti, pediu a este último que não permita a entrada no país do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, já que o considera 'persona non grata" por sua política "intervencionista". Membros da Frente de Resistência contra o Golpe de Estado, que exigem a restituição de Zelaya na presidência, protestaram na noite de quarta-feira diante do Congresso para pressionar os deputados a votar reintegração do presidente deposto. Zelaya também agradeceu a declaração do Departamento de Estado americano de que Washington é favorável a sua restituição. "Obrigado à secretária Hillary Clinton e a todo o Departamento de Estado, ao presidente (Barack) Obama, porque a declaração era necessária", afirmou. Zelaya havia solicitado em uma carta a Hillary que os Estados Unidos explicassem sua posição a respeito da situação institucional em Honduras após o acordo assinado pelas partes em disputa na sexta-feira passada. Em mais um ato de violência no país, uma granada de uso militar foi lançada na noite de quarta-feira no prédio da emissora de rádio hondurenha HRN e a explosão deixou duas pessoas levemente feridas, além de ter provocado danos pequenos à cabine de transmissão. A emissora é a mais antiga do país, com 76 anos, e informou não ter recebido ligações com ameaças ou reivindicações do ataque. Ações similares foram registradas em outras instituições de Honduras desde o início da crise política. Os principais meios de comunicação de Honduras são chamados de golpistas pelos simpatizantes de Zelaya por terem apoiado a destituição e pela identificação com o governo de fato de Roberto Micheletti.

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