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Crise energética na Venezuela atinge Roraima

postado em 31/01/2010 10:41
Roraima já começa a sofrer com a crise na Venezuela. A cidade de Pacaraima, que fica ao norte do estado, na fronteira com Santa Elena de Uairén, foi a primeira a entrar no racionamento de energia, que é produzida no país vizinho. A cidade fica sem luz duas horas pela manhã e outras duas à tarde - e a tendência é aumentar os horários de desabastecimento. O comércio de Boa Vista também começa a temer pelo pior. Além do racionamento, que também pode vir a atingir a capital de Roraima e outras quatro cidades nos próximos dias, os venezuelanos que moram na fronteira não estão mais comprando suprimentos no estado, como faziam com frequência. [SAIBAMAIS]O governo de Roraima está negociando uma saída com a União(1), que seria reativar usinas termoelétricas existentes no estado para suprir o racionamento de energia da Venezuela. Hoje, dos 200MWs consumidos na região, 88MWs vem de Guri, do outro lado da fronteira, por meio de um linhão que une os dois países. Porém, o problema pode piorar nos próximos dias pela falta de chuvas, o que também afetaria as centrais elétricas venezuelanas. O racionamento determinado pelo governo de Hugo Chávez poderá ser maior do que as quatro horas diárias. "O problema lá (na Venezuela) está se agravando e existe a possibilidade de racionamento também em Boa Vista e outras quatro cidades, pois a previsão de chuvas é só para março", afirma o secretário de Comunicação do governo de Roraima, Rui Oliveira Figueiredo. A ajuda prometida pela União deverá ser em óleo diesel e na manutenção das usinas existentes no estado. O acordo feito com a Venezuela pelo então governador Neudo Campos - hoje deputado federal pelo PP - foi fechado com parecer contrário do Ministério de Minas e Energia. Localizada na reserva indígena Raposa Serra do Sol, Pacaraima - com 8 mil habitantes - fica na fronteira com a Venezuela e o movimento é intenso durante todo o dia, principalmente de brasileiros em busca de gêneros alimentícios e de combustível em Santa Elena de Uairén. Porém, os suprimentos estão sendo racionados e já há limites para a compra de alguns produtos. Além disso, a gasolina venezuelana, considerada a mais barata do mundo - R$ 0,50 o litro na cidade e a um centavo a 70 quilômetros dela, em direção a Caracas - também está sendo vendida de forma limitada. Em contrapartida, os venezuelanos que viajavam para Boa Vista em busca de produtos deixaram de atravessar a fronteira. "A crise nos afeta muito. O comércio vai começar a deixar de vender e teremos prejuízos, inclusive na arrecadação", observa Rui Oliveira. Para ele, o problema vai piorar na volta das férias, quando o câmbio venezuelano mudar novamente, com nova desvalorização da moeda e o real passar a valer cerca de 4,5 bolívares. Muitos brasileiros, principalmente do Amazonas e de Roraima, costumam passar férias na Isla Margarita, no Caribe venezuelano, para onde seguem muitas vezes de carro. O governo do país vizinho, segundo Oliveira, não fez a nova desvalorização para não causar mais prejuízo ao comércio no litoral e até mesmo para turistas que vão a Caracas ou à Gran Savana, pouco depois da fronteira brasileira.

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