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Londres expulsa diplomata de Israel

Envolvidos no assassinato de líder do Hamas usaram passaportes britânicos falsificados

postado em 24/03/2010 07:00
Depois de ser repreendido na terça-feira pela secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, o governo do premiê israelense, Benjamin Netanyahu, sofreu ontem uma reprimenda britânica. O ministro das Relações Exteriores, David Miliband, ordenou ontem a expulsão de um diplomata israelense em Londres depois de descobrir que os suspeitos pelo assassinato do líder do grupo islâmico Hamas, Mahmud Al-Mabhuh, em janeiro em Dubai, usaram passaportes britânicos falsos.

O chanceler explicou ao Parlamento britânico que os documentos foram falsificados em uma ;operação altamente sofisticada;. Segundo Miliband, oficiais da agência britânica contra o crime organizado (Soca, em inglês) viajaram a Israel para conversar com os verdadeiros donos dos passaportes e concluíram que havia provas do envolvimento do governo israelense na clonagem. ;A Soca chegou à conclusão de que os passaportes eram copiados de documentos genuínos quando entregues para a inspeção a indivíduos ligados a Israel ; em Israel ou em outros países;, disse.

O ministro britânico também já emitiu uma nota oficial para alertar os nacionais de seu país que viajarem a Israel sobre os perigos de roubo de identidade. ;O risco se aplica especialmente aos passaportes sem características biométricas;, afirma o site da chancelaria do Reino Unido. ;Nós recomendamos que você só entregue seu passaporte a terceiras partes, incluindo oficiais israelenses, quando absolutamente necessário;, conclui o aviso.

Perante os parlamentares, Miliband classificou o ato de ;intolerável; e ressaltou que o fato de Israel ser aliado do Reino Unido tornava ;o insulto ainda mais doloroso;. Em seguida, em entrevista à emissora BBC, Miliband destacou que não tinha recebido ;nenhum pedido de desculpas; do governo israelense. Ele assegurou ter pedido ;garantias; a Jerusalém de que o incidente não voltará a ocorrer. ;Israel precisa entender que isto não pode acontecer novamente;, destacou.

Lamento
Por sua vez, o ministro de Assuntos Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, lamentou a decisão anunciada pelo colega britânico. ;Damos grande importância às nossas relações com o Reino Unido. Mantemos com esse país um diálogo em várias questões sensíveis e lamentamos a decisão;, disse Lieberman. O chanceler israelense reuniu-se com Miliband na segunda-feira e disse que Londres não apresentou provas sobre seu envolvimento, nem sobre a falsificação de passaportes. No encontro com o presidente norte-americano, Barack Obama, em Washington, Netanyahu evitou comentar o caso.

De acordo com a polícia dos Emirados Árabes Unidos (EAU), os supostos assassinos de Mabhuh têm ligação com o Mossad, o serviço secreto de Israel. Oito dos 12 suspeitos usaram o documento falsificado de cidadãos britânico-israelenses que vivem em Israel há anos e que garantem não ter saído do país naquele momento. O grupo também utilizou passaportes irlandeses, franceses e alemães.

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