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Amorim voltará a Teerã "em breve"

Chanceler brasileiro viajará com o colega turco para negociar troca de urânio

postado em 24/06/2010 07:26
O chanceler brasileiro, Celso Amorim, viajará em breve para Teerã em companhia do colega turco, Ahmet Davutoglu, para mais uma rodada de conversações sobre o programa nuclear iraniano. A reunião, em data ainda por confirmar, foi anunciada pelo chanceler iraniano, Manouchehr Mottaki. Ontem, ele conversou ontem por telefone com Amorim, que fazia visita à Bulgária e falou à imprensa em Sófia.

O encontro dos três chanceleres deve tratar de detalhes adicionais sobre o acordo firmado por eles em 17 de maio, na capital iraniana, para viabilizar a troca de urânio enriquecido. O documento prevê o envio de 1.200kg de urânio enriquecido a 3,5% para a Turquia, onde ficaria sob custódia da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, órgão da ONU). No prazo de um ano, o Irã deve receber em troca 120kg de urânio a 20%, para uso em reatores de pesquisas médicas.

A fórmula acertada, no entanto, não bastou para desfazer as suspeitas das grandes potências quanto a planos do regime islâmico para desenvolver armas nucleares. O bloco, liderado pelos Estados Unidos, aprovou no Conselho de Segurança das Nações Unidas a quarta rodada de sanções à Teerã e continua exigindo que o país suspenda o enriquecimento de urânio, conforme exige uma resolução anterior do conselho. O Irã sustenta que seu programa é pacífico e que exerce seus direitos de signatário do Tratado de Não Proliferação (TNP). O chefe do programa nuclear iraniano, Ali Akbar Salehi, anunciou ontem que o país já produziu 17kg de urânio enriquecido a 20%. Para produzir uma bomba, é necessário enriquecer o mineral a 90%.

Falando à imprensa na capital búlgara, o chanceler brasileiro disse que o regime islâmico parece disposto a retomar negociações sobre o acordo fechado em maio. Celso Amorim espera que agora as autoridades iranianas esclareçam as dúvidas do Ocidente. O ministro espera que a nova rodada de sanções, votada no último dia 9, não feche a porta para o diálogo. ;Minha opinião sincera é de que as sanções não ajudam;, acrescentou. Brasil e Turquia deram os únicos votos contrários entre os 15 membros do conselho ; o Líbano se absteve e os demais 12 votaram a favor.

Entre as medidas previstas na resolução está a proibição de venda de várias categorias de armas, como tanques, artilharia pesada e sistemas de mísseis. Também ficam restringidas as transações com instituições financeiras iranianas ligadas ao programa nuclear, diretamente, ou à Guarda Revolucionária, corpo militar de elite. O texto aprovado no Conselho de Segurança permite que os países adotem individualmente medidas mais duras, iniciativa já tomada pelos EUA e pela União Europeia, mas não deverá ser acompanhada por Rússia e China, que mantêm vínculos estreitos com Teerã.

Celso Amorim reafirmou que o Brasil continuará atuando como facilitados do acordo, mas com a condição de ter o apoio tanto do Irã quanto dos integrantes do Grupo de Viena: Estados Unidos, França, Rússia, Estados Unidos e a AIEA. O chanceler brasileiro também destacou a declaração do presidente francês, Nicolas Sarkozy, de que ;deseja prosseguir com as discussões sobre a base da proposta do Brasil e da Turquia com o Irã;.

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