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Merkel sofre humilhação política

postado em 01/07/2010 09:22
Foi uma vitória suada, com sabor de vexame para a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel. O candidato de Merkel, o conservador Christian Wulff, 51 anos, precisou esperar três rodadas de votações na Assembleia Federal para ser confirmado como o presidente mais jovem do país. E ainda assim não conseguiu obter os votos dos 644 eleitores da coalizão formada pelos democratas-cristãos (CDU/CSU) e pelos liberais (FDP). No terceiro turno, Wulff ; governador da Baixa Saxônia ; conquistou 625 votos, apenas dois a mais dos necessários para a maioria absoluta. Foi beneficiado pelas desistências de Luc Jochimsen, a representante da extrema-esquerda, e de Frank Rennicke, da extrema-direita. ;Wulff é alguém que solucionará situações difíceis para nosso país;, declarou a premiê, ao tentar disfarçar o fiasco. ;Alegrou-se de todo o coração (sua eleição);, acrescentou. Ela garantiu que seu candidato foi respaldado por ;uma clara maioria absoluta;.

Fragmentação
;As deserções dentro do próprio partido de Merkel ; 44 na primeira rodada de votações e 29 na segunda ; são um indicativo do profundo descontentamento com sua liderança;, admitiu ao Correio, por e-mail, a dinamarquesa Jytte Klausen, professora do Centro para Estudos Europeus da Universidade de Harvard e da Universidade Brandeis (em Boston). ;Um voto como esse representa um desejo generalizado da aliança democrata-cristã, de Merkel, de enviar uma mensagem. O anonimato do processo de votação forneceu uma abertura para uma rebelião;, alertou a especialista.

Para Klausen, a coalizão está cambaleante por causa da insatisfação com a economia e do ressentimento contra a União Europeia. ;Eu suspeito que um problema imediato ocorrerá nas eleições nas 16 L;nder (Estados). Se os Estados começarem a virar rumo ao Partido Social-Democrata (SPD, pela sigla em alemão), Merkel vai enfrentar um desafio de liderança durante a convenção do partido, no fim do ano;, disse. A popularidade de Merkel tem minado desde a crise na zona do euro e por seus planos de cortar gastos do governo em mais de 80 bilhões de euros (cerca de US$ 100 bilhões) até 2014.

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