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Antigos albergues servem de abrigo para desempregados em Soweto

postado em 04/07/2010 13:29
Joanesburgo - Durante o apartheid, o governo sul-africano construiu uma série de albergues na periferia de grandes cidades. Soweto, em Joanesburgo, ganhou várias casas grandes, todas iguais, para abrigar migrantes negros que eram proibidos de se hospedar em áreas centrais. Esses locais ainda fazem parte da paisagem do bairro, apesar de atualmente a maior parte dos imigrantes residir no centro de Joanesburgo. São prédios deteriorados - ainda de propriedade do Estado sul-africano -, hoje habitados predominantemente por desempregados. Sem condições de pagar por uma moradia, parte dos 25% dos sul-africanos oficialmente sem trabalho se espremem em apartamentos feitos com divisórias construídas por eles mesmos. Dividem quartos, comem em cozinhas improvisadas e esperam por uma oportunidade. Enquanto isso, pagam 35 rands (R$ 8,20) por mês de aluguel para o governo. Este preço já inclui o valor da água e da luz que eles usam no local. Sphelele Mvubu, 27 anos, é um dos habitantes de um albergue de Soweto. Ele está desempregado desde fevereiro e diz que viver no albergue é difícil, mas não tão ruim assim. As moscas com que ele divide a cozinha de seu apartamento é o que mais o incomoda. "A casa [albergue] nem o maior problema. O pior mesmo é a sujeira", diz ele. Um dos vizinhos de Sphelele, Xolani Mothua, 28 anos, também não reclama do albergue. Lá, diz, não há brigas nem desrespeito. Co-habitante de uma casa de oito moradores, Xolani afirma, porém, que não pensaria duas vezes em sair do albergue se tivesse um emprego. "Quem não quer ter uma casa de verdade? O problema é achar um emprego para isso", afirma ele, desempregado há mais de um ano.

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