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Turquia liberta advogado de iraniana

postado em 07/08/2010 07:00

O advogado iraniano Mohammad Mostafaei, que defende Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte por adultério, foi libertado ontem da prisão para imigrantes ilegais na Turquia. Após seis dias detido, Mostafaei, 35 anos, agora está sob a proteção da diplomacia europeia e aguarda a aprovação de seu pedido de asilo. ;Estou tão cansado que só quero ir para o hotel e tomar um banho;, comentou o advogado para o canal norte-americano de televisão CNN. A organização de direitos humanos Anistia Internacional informou que o iraniano deve viajar nos próximos dias para a Noruega, onde receberia asilo.

Conhecido por defender iranianos enviados ao corredor da morte, Mostafaei fugiu para a Turquia em 24 de julho, após autoridades da nação islâmica revistarem sua casa, o interrogarem e prenderem sua mulher, Fereshteh Halimi, e seu cunhado Farhad Halimi. Ele foi solto, mas Fereshteh continua detida em cela solitária, sem direito a fiança. ;Estou extremamente preocupado com minha mulher e a segurança dela;, afirmou o advogado à CNN.

Mostafaei foi preso em Ancara supostamente por problemas de documentação. Ele afirma ter sido o culpado pela própria detenção. ;O erro foi meu. Eu fui até os policiais dentro do aeroporto (de Istambul) e me declarei um refugiado;, lamentou. O iraniano ficou internacionalmente conhecido após promover em seu blog uma campanha pela libertação da cliente Sakineh Mohammadi Ashtiani, 44 anos, sentenciada à morte por apedrejamento após ter sido condenada por adultério.

Rushdie
A condenação da iraniana, mãe de um casal de jovens, ganhou repercussão mundial e chamou a atenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ofereceu a ela asilo humanitário no Brasil. Embora o Irã tenha recusado a oferta do chefe de Estado brasileiro, Sakineh dirigiu um apelo a ele, na última quinta-feira: ;O senhor Lula não pode me esquecer;, pediu.

O escritor britânico Salman Rushdie, ele próprio objeto de perseguição do regime iraniano por ;apostasia; ; criado como muçulmano, na Índia, ele teria ofendido o islã no livro Os versos satânicos ;, elogiou ontem os esforços diplomáticos do Brasil para salvar Sakineh. ;Esse caso tem de ser resolvido sem que essa pobre mulher seja executada. Se o governo brasileiro for capaz de ajudar, seria excelente;, afirmou em Parati, onde participa da festa literária internacional.

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