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Síria tem novo primeiro-ministro

Agência France-Presse
postado em 03/04/2011 16:57
Damasco - O presidente sírio, Bashar al-Assad, atribuiu neste domingo (3/4) ao ex-ministro da Agricultura Adel Safar a tarefa de formar um novo governo, enquanto milhares de pessoas acompanhavam os funerais de oito manifestantes mortos sexta-feira na repressão a protestos em Duma.

Os opositores anunciaram novas manifestações esta semana, depois que a internet foi cortada por seis horas e que as comunicações por telefone celular foram dificultadas devido, oficialmente, a uma "sobrecarga" na rede.

"Oito mortos de Duma foram enterrados hoje (domingo). Há outros três manifestantes mortos, mas são das aldeias vizinhas de Arbin e Sbinah", declarou Mazen Darwiche, diretor do Centro Nacional de Informação e de Livre Expressão, fechado desde 2009.

Segundo Darwiche, "dezenas de milhares de pessoas participaram dos funerais. Bradaram lemas em homenagem aos mártires, exigiram liberdade e atacaram a imprensa oficial".

Muntaha al-Atrash, porta-voz da organização síria de Direitos Humanos Sawasiyah, que também participou dos funerais, assegurou que "as manifestações continuarão".

"O povo não ficará mais em silêncio porque caiu a barreira do medo", afirmou.

Sob a pressão de quase três semanas de protestos, na terça-feira o governo que Mohamad Naji Otri dirigia desde 2003 caiu, e neste domingo o presidente Assad "promulgou um decreto encarregando Adel Safar de formar um governo".

Membro do Partido Baath, Safar, de 58 anos, estudou Agronomia na Universidade de Damasco antes de obter um doutorado na França.

"É um gesto forte para o povo, particularmente afetado nos últimos anos por uma terrível seca", explicou um economista à AFP.

Mas essa nomeação não satisfez os manifestantes, que convocaram uma "semana dos mártires", com uma jornada de protestos na terça-feira, um "boicote" na quarta à companhia de telefonia móvel que ofereceu uma hora gratuita àqueles que apoiarem o regime e concentrações na quinta diante das sedes do Partido Baath em ocasião do aniversário de sua fundação, em 1947.

Também pediram a seus partidários que façam passseatas na sexta-feira em toda a Síria para mostrar "o descontentamento do povo". Será a quarta sexta-feira de protestos contra a ausência de liberdade sob o regime atual.

Segundo um morador de Duma, 90 pessoas que tinham sido detidas pelas forças de segurança durante as manifestações foram libertadas, mas ainda há 15 pessoas de quem não se sabe o paradeiro.

Um advogado anunciou que a justiça síria libertou neste domingo a militante dos Direitos Humanos Suheir Atasi, detida no dia 16 de março durante um protesto para pedir a libertação de presos políticos.

Ainda neste domingo, um fotógrafo da agência de notícias Reuters, detido pelas autoridades sírias há seis dias, foi libertado e voltou ao trabalho, anunciou a agência.

Khaled al-Hariri, de 50 anos, era o último dos quatro jornalistas da Reuters detidos na Síria na semana passada.

Três colegas de Hariri, dois libaneses e um jordaniano, já tinham sido soltos na semana passada. Um quinto jornalista da mesma agência foi expulso pelas autoridades sírias em 25 de março.

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