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Promotora Ilda Bocassini é o pesadelo de Berlusconi

Agência France-Presse
postado em 04/04/2011 19:30
Roma - A promotora Ilda Bocassini, chamada de La Rossa (loura e também vermelha), conhecida por ser implacável e por sua atuação contra a máfia, é hoje o principal pesadelo de Silvio Berlusconi.

Nascida em Nápoles em 1949, "La Rossa Bocassini" é uma das promotoras responsáveis pela montanha de provas apresentada em Milão para permitir o julgamento do primeiro-ministro italiano por prostituição de menor e abuso de poder.

A promotora mais temida da Itália é conhecida nos meios judiciais como uma mulher de "muito caráter, séria e honesta", uma verdadeira "máquina de guerra" por sua tenacidade e técnicas de investigação.

Amiga do célebre juiz antimáfia Giovanni Falcone, assassinado em 1992, Boccassini conseguiu o que para muitos parecia impossível: prender em 1993 Toto Riina, o chefe supremo da temida Cosa Nostra e o homem que organizou os atentados contra Falcone e outro juiz, Paolo Borsellino.

Riina cumpre pena de prisão perpétua em Milão.

A promotora já esbarrou com Berlusconi no início de sua carreira, quando investigou a chamada "Conexão Duomo", sobre a infiltração da máfia nas empresas de construção do norte do país, ponto de partida da enorme fortuna que acumula o atual premier.

Após uma breve permanência no tribunal siciliano de Caltanisetta, Bocassini voltou a Milão para trabalhar na equipe de combate à corrupção no caso Mãos Limpas, o escândalo que abalou os partidos políticos no início da década de 90.

Em 1994, substituiu o célebre juiz Antonio Di Pietro, hoje líder político e inimigo declarado de Berlusconi.

Bocassini colaborou com importantes promotores, como Gherardo Colombo, e acompanhou o processo no qual Cesare Previti, advogado e amigo de Berlusconi, foi condenado e obrigado a abandonar o direito.

Berlusconi, que até o momento não foi condenado de forma definitiva em qualquer das acusações que responde, será processado em ;procedimento imediato;, o que implica na existência de evidências suficientes.

Vídeos, fotos, gravações, escutas telefônicas e testemunhos integram a montanha de provas reunida pela promotoria.

"Jamais se montou um processo tão poderoso e sofisticado (...) Foram analisados mais de 150 mil telefonemas para dar o golpe final em Berlusconi", escreveu a revista Panorama.

Segundo Berlusconi, "os promotores pisaram nas leis diante de objetivos políticos e da grande ressonância midiática (...) para inverter a vontade popular".

O primeiro-ministro corre o risco de ser condenado a até três anos de prisão por violar o artigo 600 do Código Penal, que paradoxalmente foi introduzido por seu governo para combater a prostituição infantil.

Também pode ser condenado por abuso de poder, com pena prevista de seis a doze anos de prisão.

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