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Síria prende líder opositor

postado em 20/04/2011 08:17
O opositor sírio Mahmud Issa foi detido na cidade de Homs (centro), no momento em que se aguarda para esta quarta-feira a suspensão do estado de emergência em vigor na Síria desde 1963, uma das principais reivindicações do movimento de protesto iniciado há mais de um mês.

Issa foi detido na noite de terça-feira, depois de concecer uma entrevista ao canal Al-Jazeera, informou o presidente do Observatório Sírio de Direitos Humanos, Rami Abdel Rahman.

Mahmud Issa ficou detido de 1992 a 2000 por integrar o Partido do Trabalho (comunista, proibido) e de 2006 a 2009 por ter assinado um texto Damasco-Beirute que pedia um Líbano soberano e independente. Na entrevista, o opositor citou a morte do general Abdo Jodr al-Telawi na região de Homs. Ele afirmou ignorar a identidade do assassino e pediu uma investigação sobre o crime, segundo Abdel Rahman.

A agência oficial Sana e os jornais estatais afirmaram na terça-feira que "grupos de criminosos armados que bloqueiam as estradas e espalham o medo surpreenderam o general Abdo Jodr al-Telawi, seus dois filhos e um sobrinho, que foram assassinados a sangue frio em Homs". Desde o início dos protestos em 15 de março na Síria, o regime acusa "grupos armados criminosos" de terem iniciado a violência.

Segundo o jornal Al Watan, ligado ao governo, o presidente Bashar al-Assad tinha previsto publicar nesta quarta-feira o decreto de suspensão do estado de emergência, que limita as liberdades públicas.Esta é uma das principais reivindicações do movimento de protesto no país, que ganhou força nos últimos dias.

O estado de emergência está em vigor desde a chegada ao poder do partido Baath em 1963. Assad prometeu no sábado passado que a medida seria revogada em uma semana no máximo.A lei de emergência impõe restrições à liberdade de reunião e de deslocamento e permite a detenção de suspeitos ou pessoas que ameacem a segurança.

O governo também anunciou na terça-feira que aboliria a Corte de Segurança do Estado, assim como a lei que regulamente o direito de manifestação.A Anistia Internacional expressou satisfação com os anúncios e pediu a Assad uma ação imediata e concreta para que acabar com a onda de assassinatos de militantes opositores pelas forças de segurança.

Mas Assad, que chegou ao poder no ano 2000, após a morte do pai Hafez, também afirmou que não aceitaria mais novas manifestações.

Mais de um mês depois do início dos protestos, as manifestações se tornaram mais radicais e passaram dos pedidos por reformas a exigências pela queda do regime.

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