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Projeto de mineração gera polêmica no Uruguai

Agência France-Presse
postado em 02/06/2011 17:40
CERRO CHATO - Um projeto de exploração mineira a céu aberto a cargo de uma empresa de capital indiano gera polêmica no Uruguai e divide uma pequena região pecuarista entre aqueles que comemoram o aumento do emprego e aqueles que querem proteger o equilíbrio ambiental.

A mineradora Aratiri - filial local do grupo Zamin Ferrous - explora há dois anos uma área de 120.000 hectares na região de Cerro Chato (centro-leste uruguaio) em busca de ferro, mineral cujo preço não para de subir diante da demanda dos países asiáticos.

O governo ainda não autorizou o início da extração, que seria feita sobre 12 mil hectares, e pediu um novo relatório de impacto ambiental, mas as atividades de exploração na região já geraram resistências.

No Uruguai, o subsolo é propriedade do Estado, fazendo com que os proprietários privados da terra não possam negar-se a permitir a exploração caso esta tenha sido autorizada. Claudia Perugorría, que há 10 anos comprou 47 hectares na região de Cerro Chato, autorizou a entrada da empresa em seu terreno, mas agora diz que a companhia o "destruiu".

A destruição à qual Perugorría se refere foi confirmada com a passagem de caminhões, o ruído, mais perfurações do que as acordadas e sobretudo danos nos pastos, os quais os produtores cuidam como se fosse ouro porque é a base da exploração pecuária no país. "O tapete vegetal nesse tipo de solo demora muito para se recuperar", disse a mulher, que iniciou uma ação judicial por danos contra a mineradora e se nega a vender seu terreno.

Julio Gómez, porta-voz dos produtores incomodados, assegura que o projeto é "excessivo" para o tamanho do Uruguai (176.215 km2) e "altera seriamente o equilíbrio ambiental existente há mais de 200 anos na região". "Vai haver uma substituição de uma atividade produtiva sustentável por uma atividade de tipo extrativo que trabalha com um recurso finito, como o ferro, e que tem um ciclo de vida de 30 anos", declarou, enquanto mostra uma série de pequenos montes que desapareceriam com a exploração. "O solo vai ficar totalmente degradado e não vai servir para nada", lamenta.

Segundo o Código Mineiro em vigor - em revisão no Parlamento - o Estado fica com 5% do mineral extraído.

Com um investimento previsto de 2,5 bilhões de dólares, a maior da história do país, o projeto da mineradora inclui um mineroduto de 200 km até o mar e um porto de águas profundas na costa.

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