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Ataques entre palestinos e forças israelenses acabam com cessar-fogo

Renata Tranches
postado em 31/10/2011 08:11
Familiares de um militante da Jihad Islâmica morto em um ataque aéreo israelense choram: mísseis lançados por aviões não tripulados mataram 10
Nem mesmo a mediação do Egito foi capaz de deter a escalada de violência entre o Exército de Israel e facções palestinas da Faixa de Gaza, que teve como saldo, até a noite de domingo (30/10), 11 mortos ; e o acirramento das tensões na região. Um cessar-fogo entre a Jihad Islâmica e Israel para encerrar o conflito chegou a ser definido, mas foi quebrado em menos de oito horas de vigência, com bombardeios israelenses a um ;comando terrorista que se preparava para lançar foguetes contra o país;, segundo autoridades israelenses.

Para um analista consultado pelo Correio, os ataques da Jihad Islâmica seriam motivados pela influência iraniana sobre a célula, com o objetivo de desestabilizar a trégua entre o Hamas ; grupo radical que controla a Faixa de Gaza ; e Israel, obtida após uma troca histórica de prisioneiros, há menos de duas semanas. Ativistas palestinos denunciaram o que chamaram de ;terror psicológico; israelense, com o ;ensurdecedor; barulho dos drones (aeronaves não tripuladas) sobrevoando o território por duas noites seguidas.

O ataque israelense de ontem matou um combatente da Frente Democrática de Libertação da Palestina (FDLP), organização nacionalista de extrema-esquerda, elevando a 10 o número de baixas palestinas em 24 horas. Os outros nove mortos eram ativistas da célula radical Jihad Islâmica. Um civil israelense morreu em decorrência dos ferimentos provocados por projéteis disparados contra o sul de Israel, na noite de sábado. Os conflitos deveriam ter sido encerrados com o cessar-fogo, que começou a valer a partir das 6h, horário local (2h, em Brasília). A Jihad Islâmica chegou a afirmar que estava ;comprometida com a trégua tanto quanto os israelenses estavam com suas ocupações;. Em comunicado, o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, afirmou, por sua vez, que ;não havia trégua;.

Segundo a agência de notícias France-Presse, a escalada da violência explodiu na tarde de sábado, quando um ataque israelense matou cinco militantes da Jihad Islâmica num campo de treinamento no sul da Faixa de Gaza. Israel alegou que eles se preparavam para lançar foguetes contra seu território. Em resposta, tiros de foguetes se sucederam, o que deu lugar a novos ataques mortíferos por parte de Israel. O jornal israelense Haaretz , por sua vez, afirmou que militantes em Gaza dispararam dezenas de foguetes contra Israel nos últimos dias.

Pressão
Para o cientista político Ely Karmon, pesquisador do Instituto Internacional de Contra-Terrorismo (Israel), a Jihad Islâmica age motivada pela influência do Irã, tanto financeira como ideológica. Em entrevista ao Correio, ele afirmou que a nação persa teria interesse em atrapalhar a aparente trégua que se instalou entre o grupo Hamas e Israel após a troca do soldado israelense Gilad Shalit por 1.028 prisioneiros palestinos. Outra razão, na opinião de Karmon, seria o interesse da própria facção radical em ver até onde Israel ;pode ir; após essa negociação. O Hamas, por sua vez, diz não ter nenhuma ligação com o conflito ou com a Jihad Islâmica. O Fatah, grupo moderado que controla a Cisjordânia, não havia se pronunciado até a noite de ontem.

Na internet, em blogs e no Twitter, ativistas palestinos denunciaram o que chamaram de ;terror israelense; contra a população da Faixa de Gaza. ;Você não consegue escapar (do barulho dos drones). Isso segue você para onde for. Isso tortura você psicologicamente e de outras maneiras que nenhuma cientista descobriu ainda;, relatou a ativista Yasmeen El Khoudary.

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