Mundo

Dilma deve anunciar em Havana uma linha de crédito de US$ 70 milhões

Silvio Queiroz
postado em 30/01/2012 08:05
Uma linha de crédito de US$ 70 milhões para financiar a mecanização e a compra de insumos para a agricultura familiar e cooperativa está entre as iniciativas concretas que resultarão da visita da presidente Dilma Rousseff a Cuba, a partir de amanhã. A ajuda foi negociada ainda no ano passado pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, que esteve na ilha para detalhar a experiência brasileira com a distribuição da terra a pequenos proprietários ; um caminho que o regime comunista empreendeu nos últimos três anos, como parte das reformas econômicas promovidas pelo presidente Raúl Castro.

A chegada de Dilma a Havana, na primeira viagem ao país como presidente, coincide com um momento de transição também em aspectos do sistema político, discutidos ao longo do fim de semana na 1; Conferência Nacional do Partido Comunista de Cuba (PCC). No entanto, o chanceler Antonio Patriota praticamente descartou, em declarações feitas em Davos (Suíça), que seja abordado pulbicamente o tema dos direitos humanos. Na última quarta-feira, a embaixada brasileira concedeu visto para que a blogueira dissidente Yoani Sánchez visite o país em fevereiro, para o lançamento de um documentário sobre ela, mas é improvável que Dilma interceda com as autoridades locais para que autorizem a viagem.

Pequeno produtor cubano colhe milho manualmente perto de Havana, a capital: governo cubano quer incentivar a produção de alimentos

;Este é um período em que eles passam por ajustes no seu modelo econômico e se inspiram em várias experiências do Brasil, além de um tempero da China e do Vietnã;, disse ao Correio o porta-voz do Itamaraty, Tovar Nunes. O objetivo da presidente é estender e aprofundar programas de cooperação em andamento, principalmente as obras de ampliação do Porto de Mariel, realizadas pela construtura brasileira Odebrecht com financiamento de US$ 683 milhões pelo BNDES.

;A viagem sinaliza o interesse do Brasil em participar de projetos nas áreas agrícola, de energia e de infraestrutura;, explicou o diplomata. Um dos projetos em andamento, com participação da Embrapa, contempla o apoio técnico para incrementar a produção de milho e cana-de-açúcar. A Odebrecht atuará na cogeração de energia para o processamento das colheitas. O interesse cubano, porém, se volta também para os programas do governo brasileiro para desenvolver a agricultura familiar e a produção de alimentos. ;Eles não querem copiar modelos, mas estudá-los para adaptar à realidade deles;, concluiu Tovar Nunes.

Segunda reforma

Desde 2006, quando assumiu o comando de Cuba no lugar do irmão mais velho, Fidel Castro, Raúl vem introduzindo reformas destinadas a dinamizar a economia e sanear as contas do Estado, carregadas por um pesado mecanismo de subsídios. Em particular, o presidente determinou como prioritária a produção em larga escala de alimentos, já que o país importa cerca de 60% daquilo que consome.

Para isso, a reforma agrária proclamada em 1959, no início da revolução, foi atualizada em 2008 para incentivar a pequena propriedade familiar e o cooperativismo. Desde então, com a entrega de terra a pequenos produtores, o número de propriedades no país teve um acréscimo de 150 mil, inclusive com a criação de um ;cinturão verde; em torno da capital.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação