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Retirada de jornalistas feridos da Síria é supreendida por emboscada

Agência France-Presse
postado em 29/02/2012 19:21
Paris - A operação de evacuação da Síria para o Líbano do jornalista britânico Paul Conroy custou as vidas dos militantes que a organizaram e fracassou para outros jornalistas afetados, entre eles a francesa Edith Bouvier.

Segundo a reconstituição inicial dos fatos, o jornalista espanhol Javier Espinosa também não teria sido retirado durante esta operação, embora finalmente tenha conseguido sair da Síria.

A edição online do El Mundo, jornal espanhol para o qual ele trabalha, assegura que Espinosa "saiu da Síria e se encontra em perfeito estado de saúde no Líbano". O jornal não esclarece como ou quando saiu.

Em qualquer caso, a operação que permitiu tirar do país Paul Conroy, repórter do Sunday Times, esteve marcada por informações contraditórias sobre o destino dos jornalistas ocidentais em Homs, epicentro do movimento opositor sírio.

Um dia depois foi possível reconstituir parcialmente o ocorrido durante a noite da segunda-feira e a madrugada de terça.

Após os sucessivos fracassos do Crescente Vermelho e do Comitê Internacional da Cruz Vermelha para retirar os jornalistas, os militantes opositores sírios decidiram tentar realizar essa operação durante a noite.

A Avaaz, uma ONG online fundada em 2007 e conhecida por suas campanhas de defesa dos direitos humanos, desempenhou um papel-chave nesta evacuação com opositores sírios e rebeldes do Exército Sírio Livre.

No início da noite, feridos sírios, jornalistas ocidentais e militantes da oposição saíram de Homs em comboio. Segundo declarações de Ricken Patel, presidente da Avaaz, a vários meios de comunicação, "a coluna de jornalistas foi bombardeada e separada em dois". O grupo à frente, com Paul Conroy, conseguiu sair de Homs e chegar à fronteira libanesa, situada a 30 km.

Os outros três jornalistas, a francesa Edith Bouvier, gravemente ferida na perna, seu compatriota William Daniels e o espanhol Javier Espinosa tiveram que voltar atrás. Bouvier "era transportada em uma maca e era perigoso demais para ela ir mais longe".

Segundo a Avaaz, pelo menos treze militantes opositores sírios morreram na operação. A rede de notícias CNN entrevistou três militantes do grupo de Paul Conroy que estavam hospitalizados no Líbano.

"Houve uma emboscada, todos os meus amigos caíram na armadilha, não sei o que aconteceu com eles", contou Ahmed.

Outro de seus companheiros, Abu Maha, afirmou que estava com Paul Conroy quando o exército sírio começou a atirar.

"Eu já estava no veículo quando o exército chegou. De repente, parecia dia: lançaram fogos de artifício", disse.

Outro dos opositores sírios, Abu Bakr, declarou que foi salvo por Javier Espinosa. "Estava ferido e não conseguia andar. Javier me ajudou, me levou para uma casa e ali os moradores me ajudaram a sair", contou.

Segundo as autoridades francesas, Edith Bouvier continua em Homs.

Na França se especula se foi o anúncio da evacuação de Paul Conroy, ferido assim como ela em 22 de fevereiro, e a declaração de uma autoridade libanesa sobre a presença da jornalista francesa no Líbano que causou confusão na Presidência. O chefe de Estado, Nicolas Sarkozy, declarou que ela estava "sã e salva" no Líbano, antes de se desculpar e se retratar.

A jornalista do Figaro foi gravemente ferida em 22 de fevereiro no bombardeio que custou a vida da repórter americana Marie Colvin e do fotógrafo francês Rémi Ochlik.

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