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Vídeo de companhia elétrica mostra tensão durante crise de Fukushima

Agência France-Presse
postado em 06/08/2012 11:41
Tóquio - Um vídeo divulgado esta segunda-feira (6/8) mostra o diretor da usina nuclear de Fukushima gritando "Temos um grande problema, um grande problema", depois da explosão de um reator da central, atingida pelo tsunami que se seguiu ao devastador terremoto de março do ano passado.

A filmagem faz parte de 150 horas de vídeo gravadas nos primeiros dias do desastre nuclear que a Companhia Elétrica de Tóquio (TEPCO, na sigla em inglês), que operava a usina, divulgou com relutância. As imagens revelam comunicações tensas enquanto as autoridades lutavam para enfrentar a catástrofe, depois que o tsunami mortal de 11 de março de 2011, danificou o sistema de resfriamento de emergência da usina nuclear Fukushima Daiichi, que sofreu explosões e fusão do reator. Entre as sequências mais tensas gravadas está uma de 14 de março, em que o prédio que abrigava o reator número 3 explodiu devido a um acúmulo de hidrogênio. O diretor da usina, Masao Yoshida, reporta, alarmado, a explosão a seus superiores na sede da TEPCO, em Tóquio, a mais de 200 km de distância.

"Diretoria, diretoria! Temos um grande problema, um grande problema", grita Yoshida subitamente durante uma teleconferência. "O reator número três (...) houve uma explosão! 11h01 da manhã", continua, sobressaltado. Uma calma voz masculina responde do QG da TEPCO: "11h01 da manhã. Ciente. Comunicação de emergência". "Aqueles que estão em campo devem se retirar, se retirar", completa outra voz do QG. A TEPCO divulgou com relutância cerca de 150 horas de vídeo gravadas entre 11 e 15 de março de 2011, mais de um ano depois do acidente, por pressão do ministro da Indústria, Yukio Edano.

[SAIBAMAIS]O então primeiro-ministro japonês Naoto Kan também é visto dirigindo-se apressado ao quartel-general da TEPCO, mostrando-se indignado com a desastrosa gestão da crise por parte da companhia. Até agora a TEPCO tinha se recusado a divulgar as imagems, afirmando serem de uso interno somente, apesar de pedidos de jornalistas e especialistas externos, segundo os quais o vídeo deveria ser divulgado para que o público pudesse analisar exatamente como foi a gestão do acidente. Do vídeo divulgado, cerca de 50 horas têm som e o restante, não.



Os nomes e os rostos dos funcionários da TEPCO foram apagados para proteger sua privacidade e segurança, já que a companhia sofreu duras críticas de parte do público, explicou a empresa. A TEPCO está permitindo a jornalistas credenciados assistirem às imagens em sua sede até 7 de setembro, mas os proibiu gravá-las, permitindo-lhes apenas fazer anotações. O vídeo divulgado esta segunda-feira contém 90 minutos de imagens extraídas da sequência original.

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