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Pais lançam campanha que incentiva empresas a contratar jovens com Down

Para uma associação, falta conhecimento entre os empresários sobre essas capacidades. A legislação portuguesa não tem sido eficaz para estimular contratações

postado em 21/03/2013 10:33
Lisboa ; Para estimular empresas a contratarem portadores da trissomia 21 ; como a síndrome de Down é chamada em Portugal ; uma associação de pais dá início nesta quinta-feira (21/3) à campanha "Acreditem. Eles conseguem". O intuito é mostrar que pessoas adultas com síndrome de Down são capazes de trabalhar e estender, ao mercado de trabalho, a visão inclusiva, típica do Estado de bem-estar europeu, que garantiu a crianças e adolescentes lusitanos com Down e outras deficiências o acesso à educação pública de qualidade.

De acordo com Marcelina Souschek, fundadora da Associação Pais 21, ainda são poucas as empresas em Portugal que contratam pessoas com Down. Mesmo assim, a associação coleciona casos que demonstram que a presença de empregados com a deficiência melhora o ambiente de trabalho, o que costuma favorecer ganhos de produtividade.

Segundo ela, pessoas com Down têm uma sensibilidade emocional "acima da média" e a típica cordialidade do trato acaba por cativar os colegas. ;Eles são capazes de compreender o outro;, explica, ressaltando que a habilidade é muito valorizada nos processos de recrutamento para trabalhos em equipe.


Para a associação, falta conhecimento entre os empresários sobre essas capacidades. Além disso, a legislação portuguesa não tem sido eficaz para estimular contratações. O benefício fiscal só é obtido para empresas que fazem contratos de trabalho por tempo indeterminado ; prática rara no mercado de trabalho português, especialmente depois da crise econômica (que já desempregou quase 1 milhão de pessoas).

[SAIBAMAIS]Marcelina Souschek teme que a visão negativa de alguns setores da sociedade sobre pessoas com síndrome de Down pese nos cortes de gastos, feitos pelo governo nas políticas sociais de Portugal por causa da crise. ;Talvez não seja difícil cortar gastos destinados a quem não se considera produtivo", lamenta ao ressaltar que, "apesar do déficit cognitivo", pessoas com Down podem trabalhar desde que haja capacitação.

Pais de crianças e jovens com síndrome de Down entregam desta quinta-feira (21) no final da tarde (horário de Lisboa) na Assembleia da República pedido para que os deputados modifiquem a legislação de benefício fiscal e assegurem recursos para que as escolas continuem atendendo alunos com a deficiência.

A associação ainda quer que haja previsão legal para o aconselhamento social aos casais cujo feto seja diagnosticado, logo no início da gravidez, com síndrome Down. Isso porque, em Portugal (assim como em outros países da Europa), o aborto é permitido até o terceiro mês de gestação e a decisão de interrupção é baseada apenas na avaliação clínica.

Segundo Marcelina Souschek, além da campanha em favor do trabalho para quem tem síndrome de Down, a data é oportuna para os pais "mostrarem o orgulho que sentem dos filhos". Segundo ela, para quebrar estigmas e preconceitos, é importante que "os pais demonstrem satisfação pelo progresso que os filhos são capazes de conseguir".

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