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Manifestantes contrários ao governo e islamitas se enfrentam no Egito

Opositores aos islamitas no poder enfrentaram membros da Irmandade Muçulmana

Agência France-Presse
postado em 22/03/2013 17:38
Cairo - Manifestantes da oposição enfrentaram nesta sexta-feira (22/3) membros da Irmandade Muçulmana perto da sede do grupo islâmico em um subúrbio do Cairo, que se tornou alvo da ira dos opositores aos islamitas no poder. Um jornalista da AFP escutou tiros, mas não soube determinar a origem. Ele relatou centenas de feridos, em sua maioria atingidos por pedras.

Manifestantes detiveram e espancaram três simpatizantes islâmicos, dois deles foram despidos. Também fizeram parar uma ambulância que transportava um membro da Irmandade Muçulmana, que acabou sendo alvo da fúria dos opositores, segundo o jornalista. Quatro ônibus que levavam membros da irmandade islamita para a colina de Moqattam, onde se encontra a sede da Irmandade Muçulmana, foram queimados.

Partidários da Irmandade também partiram para o ataque e dispararam com balas de borracha. "Eu vim de Bilbeiss (Delta do Nilo) para proteger a sede com meus amigos", disse à AFP um membro da Irmandade Muçulmana. "Ovelhas! Rebanho! Vocês caminham atrás de Badie", cantavam os opositores, referindo-se ao Guia Supremo Mohammed Badie, acusado de ser quem realmente toma as decisões no Egito, na sombra do presidente Mohamed Mursi, que pertence à irmandade.

Mursi, que enfrenta uma onda de indignação, é acusado pela oposição de trair a "revolução" e por não resolver os graves problemas econômicos e sociais do país. Os dois grupos jogaram pedras uns contra os outros nas imediações da sede da confraria. Os opositores tentaram forçar o cordão de isolamento da polícia, que respondeu com bombas de gás lacrimogêneo.



Enquanto isso, no bairro de Manial, no Cairo, um outro edifício do grupo islâmico foi saqueado por um grupo de homens que agrediu mulheres reunidas em ocasião do dia das mães, indicou à AFP um porta-voz da Irmandade Muçulmana, Ahmed Aref. Já a sede do partido da Irmandade Muçulmana em Mahalla, no Delta do Nilo, foi incendiada por manifestantes, informou a agência oficial egípcia Mena.

Os manifestantes hostis à Irmandade Muçulmana lançaram coquetéis molotov contra o edifício, que pegou fogo, segundo a agência. Militantes da oposição, incluindo membros dos Black Bloc -hostis aos islamitas- haviam convocado um protesto na colina de Moqattam contra a Irmandade Muçulmana. O secretário-geral da confraria, Mahmoud Hussein, reagiu afirmando que os islâmicos iriam proteger sua sede "caso a polícia não assumisse suas responsabilidades".

Em 17 de março, confrontos entre a polícia e manifestantes hostis ao movimento islâmico em frente à sede ocorreram no dia seguinte à agressão de vários opositores que pichavam os muros do local. Jornalistas e fotógrafos presentes também foram atingidos, segundo a imprensa local, contribuindo para piorar o clima entre o grupo e grande parte da imprensa egípcia. Desde a eleição de Mursi à presidência em junho de 2012, mais de trinta locais da Irmandade foram atacados em todo o país.

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