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Capriles garante que vencerá eleições diante de milhares de venezuelanos

As eleições presidenciais na Venezuela estão previstas para 14 de abril

Agência France-Presse
postado em 07/04/2013 20:24
Caracas - Diante de centenas de milhares de venezuelanos que lotaram neste domingo as ruas de Caracas, o candidato opositor Henrique Capriles pediu "um voto de confiança" nas eleições presidenciais de 14 de abril, que assegura vencerá sobre seu rival, o governista Nicolás Maduro.

"Peço que me deem seu voto de confiança porque eu quero que este país que quer mudança possa consegui-lo", disse Capriles diante da multidão de seguidores que lotaram a praça Bolívar, no centro de Caracas.

"Hoje estamos ganhando este processo. Há 20 dias as pessoas pensavam que era impossível. O poder está contra nós, mas temos a esperança de milhões de pessoas", exclamou o líder da oposição, referindo-se a pesquisas de opinião, embora não tenha dado maiores detalhes.


De oito pontos da cidade, a maré da oposição lotou as ruas em meio a um ambiente festivo, portando cartazes com fotos de Capriles, além de bandeiras venezuelanas e dos partidos que integram a Mesa da Unidade Democrática (MUD), a variada coalizão de organizações políticas que a candidatura opositora impulsiona.

Capriles, um advogado de 40 anos, deixou o cargo de governador do estado de Miranda (norte) para participar das eleições;

Vestindo camisa vinho tinto - cor da seleção esportiva venezuelana - e boné tricolor, ele acusou os líderes governistas de "falsos" e voltou as baterias contra Maduro, a quem chamou de "desocupado" e de ser o "pistolão maior" do governo.

"O senhor vencerá as eleições em Havana, eu vou vencer as eleições aqui na Venezuela", afirmou Capriles, aludindo ao apoio do governo cubano ao falecido presidente Hugo Chávez e seu sucessor.

Capriles também se dirigiu aos chavistas, aos quais pediu seu apoio: "Votem em mim. Nicolás não é Chávez. Não sou a oposição, sou a solução", afirmou.

Batizada de "Caracas heroica", o último ato na capital antes das votação, a manifestação opositora marca um ponto de inflexão na curta campanha eleitoral, de dez dias de duração, na qual Capriles percorre todo o país, com atos diários em até três estados.

"A Venezuela tem futuro, tem a possibilidade histórica de viver com trabalho, com dignidade e em democracia", disse Dinorah Figuera, deputada pelo partido Primero Justicia, que faz parte da Mesa da Unidade Democrática (MUD), a coalizão de organizações políticas opositoras que apoia a candidatura de Capriles.

De mãos dadas com a mulher e suas filhas na Avenida Bolívar William Pereira, um jovem de Caracas que trabalha no setor da construção, declarou à AFP, com emoção, seu apoio a Capriles, que segundo ele "conseguiu unir a oposição" depois de muitos anos sem nomes principais.

"Temos esperança, precisamos de uma Venezuela melhor e temos que ir à rua lutar por ela", disse o jovem de 33 anos, que traz em uma das mãos um cartaz onde se lê "Não queremos o ;tourofrango; (corpo de touro, cabeça de frango) como presidente", disse em alusão ao insulto com que Capriles se referiu a Maduro.

"Maduro não tem força, acredita ser engraçado como Chávez e está muito longe disso", afirmou.

Às margens da avenida, chavistas desafiavam a manifestação exibindo bandeiras vermelhas - a cor do partido no poder - das janelas de edifícios construídos sob o guarda-chuvas do programa de governo de casas subsidiadas.

Sobre o asfalto, os opositores se moviam ao ritmo de uma gravação de Willie Colón, que de alto-falantes cantava "mentira fresca", outro insulto que Capriles costuma dirigir ao candidato da situação.

Sentado em um banco, Richard Nundes, um contador público de 28 anos, tomou fôlego antes do início do discurso de Capriles. "A principal razão para eu estar aqui é a insegurança. Ontem (sábado) roubaram a caminhonete do meu tio com uma pistola. Isto não pode continuar assim".

"Embora seja muito difícil vencer, temos que sair às ruas, senão seria deixar tudo nas mãos deles", afirmou.

"Chávez fez coisas boas, como o investimento social para os mais necessitados, mas também deixou um país dividido por um partido político e isto tem que mudar", acrescentou.

A Venezuela realiza estas eleições depois da morte, em 5 de março, do presidente Hugo Chávez, que conquistou a reeleição nas presidenciais de outubro de 2012 com 55% dos votos, contra 44% de Capriles.

Neste domingo Maduro esteve em Guárico (centro) para um comício eleitoral, depois de ter realizado um ato de massas no estado de Apure (oeste).

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