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Maioria dos muçulmanos é favorável à lei islâmica, mas com ressalvas

A pesquisa, realizada pelo Pew Research Center, dos Estados Unidos, foi feito entre 2008 e 2012 e consultou 38.000 pessoas de 39 países

Agência France-Presse
postado em 30/04/2013 15:32
Washington - A maioria dos muçulmanos do mundo quer instaurar a sharia, lei islâmica baseada no Alcorão, nos dizeres do profeta Maomé e nas normas dos religiosos, mesmo com opiniões divergentes sobre o que deve ser contemplado, indicou um estudo publicado nesta terça-feira (30/4).

A pesquisa, realizada pelo Pew Research Center, dos Estados Unidos, foi feito entre 2008 e 2012 e consultou 38.000 pessoas de 39 países. A pesquisa se concentrou no tema "Religião, Política e Sociedade" na grande comunidade muçulmana de 1,6 milhão de pessoas, a segunda maior religião do mundo depois do cristianismo.

[SAIBAMAIS]A maioria dos muçulmanos, especialmente em Ásia, África e Oriente Médio, quer instaurar a sharia, com diferenças de acordo com a área geográfica -- 8% no Azerbaijão contra 99% no Afeganistão --, afirma o instituto Pew, que atribui essas divergências à história dos países e à separação entre igreja e estado.

O estudo mostra que a aplicação da sharia é particularmente desejável no âmbito privado, para regular os negócios familiares ou de propriedade. A execução dos muçulmanos convertidos a outra religião, o castigo com chibatadas e o corte das mãos por roubo recebem uma minoria de opiniões favoráveis, exceto por uma ampla maioria no Afeganistão e no Paquistão, e com pouco mais de uma em cada duas pessoas no Oriente Médio e no norte da África.



Também são maioria os que concordam com a liberdade de culto de outras religiões. No Paquistão, por exemplo, 84% quer ver a sharia instaurada como lei no país e 96% acredita que a liberdade de culto é "algo bom". Metade dos muçulmanos está preocupada com o extremismo religioso no país, sobretudo no Egito, na Tunísia e no Iraque.

Na maior parte dos países, uma maioria de mulheres e homens acredita que a mulher deve obedecer o marido, principalmente em Iraque, Marrocos, Tunísia, Indonésia, Afeganistão e Malásia, mas a maioria também acredita que uma mulher deva ser capaz de decidir sozinha se usa ou não o véu.

A maioria dos muçulmanos não sente tensão entre sua religião e a vida moderna, prefere um regime democrático, gosta de música e dos filmes ocidentais, mesmo que acreditem que a cultura ocidental seja moralmente nociva. Uma grande maioria considera imorais a prostituição, a homossexualidade, o suicídio e o álcool, mas a opinião sobre a poligamia é divergente (4% considera moralmente aceitável na Bósnia-Herzegovina, contra 87% na Nigéria).

Só o Afeganistão e o Iraque dispensam majoritariamente os "crimes de honra". A violência em nome do Islã é amplamente rechaçada, mas aprovada por significativas minorias em Bangladesh, Egito, Afeganistão e Palestina. Para 81% dos muçulmanos norte-americanos, este tipo de violência "nunca" é justificável, contra uma média de 72% no restante do mundo, revelou o estudo.

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