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Sequestrador das três jovens americanas comparece ao tribunal

O tribunal ditou uma fiança de 2 milhões de dólares, o que fará com que o Ariel Castro permaneça preso. A advogada de defesa de Ariel disse que ele pode cometer suicídio

Agência France-Presse
postado em 09/05/2013 12:00

Cleveland - O americano de origem porto-riquenha Ariel Castro compareceu nesta quinta-feira (9/5) a um tribunal de Ohio (norte) para enfrentar acusações de estupro e sequestro de três mulheres mantidas em cativeiro em sua residência durante uma década.

O tribunal ditou uma fiança de 2 milhões de dólares, o que fará com que o Ariel Castro permaneça preso. A advogada de defesa de Ariel disse que ele pode cometer suicídio

Ariel, de 52 anos, um ex-motorista de ônibus escolar, não se pronunciou durante a audiência, e permaneceu de pé e algemado, olhando para o chão. Castro se apresentou ao tribunal com a defensora pública Kathleen DeMetz, que disse que seu cliente havia sido "acusado de sequestro e estupro em um caso, de sequestro e estupro no segundo, de sequestro e estupro no terceiro e de sequestro no quarto".

O tribunal ditou uma fiança de dois milhões de dólares por cada um dos quatro casos, totalizando oito milhões de dólares, o que fará com que Ariel permaneça preso. A respeito desta fiança, DeMetz comentou que Ariel recebe seguro-desemprego e não tem como pagar. Além do mais, não tem condenações anteriores por delitos graves.

O promotor do caso, Brian Murphy, destacou que as acusações contra Ariel Castro "baseiam-se em decisões premeditadas para sequestrar três jovens mulheres das ruas de South Side de Cleveland".

"Duas das vítimas sofreram uma experiência horrenda durante mais de uma década, a terceira por quase uma década, e a dura experiência resultou numa menina que, aparentemente, nasceu durante o cativeiro de uma das mulheres", acrescentou.

"E, além disso, junto com o cativeiro, ocorreram repetidas agressões. Foram atacadas e impedidas e abusadas sexualmente, basicamente sem jamais serem livres para deixar a residência", assinalou. A juíza do tribunal municipal, Lauren Moore, fixou os termos da fiança e instruiu para que Castro não tenha contato algum com suas supostas vítimas.

Depois da audiência, DeMetz disse aos jornalistas que Castro corria o risco de cometer suicídio e que deve ser colocado sob vigilância especial quando for levado para a prisão do condado.

O tribunal ditou uma fiança de 2 milhões de dólares, o que fará com que o Ariel Castro permaneça preso. A advogada de defesa de Ariel disse que ele pode cometer suicídio

As suas vítimas são Amanda Berry, de 27 anos, Gina DeJesus, de 23, e Michelle Knight, de 32. Castro também é acusado do sequestro de Jocelyn, a filha de seis anos que teve com Berry durante seu cativeiro.

Os dois irmãos de Ariel Castro, Pedro, de 54 anos, e Onil, de 50, que inicialmente também foram presos, foram libertados e não enfrentam acusações.

"Não há nada que nos leve a crer que (os irmãos de Ariel Castro) estiveram envolvidos ou que tinham conhecimento disto", disse o vice-chefe de polícia de Cleveland, Ed Tomba. "Ariel tinha escondido isso de todos", acrescentou.

Detalhes a conta-gotas

As condições de cativeiro de suas vítimas continuam sendo divulgadas a conta-gotas. Os investigadores encontraram correntes e cordas na casa onde as três mulheres permaneciam presas. O chefe da polícia de Cleveland, Michael McGrath, confirmou que estiveram amarradas.

Tomba afirmou que as três mulheres nunca deixaram a propriedade do acusado até terem sido resgatadas na noite de segunda-feira, e acredita-se que foram autorizadas a deixar a casa em apenas duas ocasiões, para ir até a garagem da casa, embora disfarçadas.

"Não estavam no mesmo quarto, mas se conheciam e sabiam que as outras estavam ali", disse Tomba, sem confirmar versões de que as reféns ficaram grávidas por diversas vezes.

Roberto Diaz, um vizinho citado pelo jornal The Washington Post, afirmou que Ariel Castro havia participado de ações para encontrar as mulheres desaparecidas, com manifestações em homenagem às jovens e distribuição de panfletos.

O tio de Castro, Julio, afirmou que Ariel estava isolado da família desde a morte do pai, em 2004, ano em que Gina foi sequestrada. Amanda havia sido raptada um ano antes e Michelle dois. A ex-esposa de Castro, Grimilda Figueroa, falecida no ano passado, havia apresentado uma ação em 2005 contra Ariel por impedir que suas filhas estivessem com a mãe.

Os documentos judiciais revelam que Grimilda Figueroa teve duas vezes o nariz quebrado, assim como as costelas, além de ter sofrido com luxações nos ombros, e havia pedido para o juiz "impedir (que Castro) a ameaçasse de morte".

Um dia feliz e também triste

A quarta-feira (8/5) foi um dia cheio de emoções para Amanda Berry e Gina DeJesus, que se reencontraram com suas famílias, enquanto Michelle Knight permanecia hospitalizada em Cleveland.

"Este é um dia feliz e também triste para Amanda porque sua mãe já não está aqui", disse seu primo. A mãe de Amanda, Louwana Miller, morreu em março de 2006 "de dor" pela perda de sua filha, segundo pessoas próximas.

[SAIBAMAIS]Com o rosto escondido sob um capuz, Gina DeJesus encontrou a casa de sua família decorada com muitos balões. "Eu me belisco para acreditar", disse sua mãe, Nancy Ruiz. "Este é meu melhor presente do dia das mães", comemorado no domingo nos Estados Unidos.

A repercussão do caso foi muito grande. A primeira-dama, Michelle Obama, disse à rede NSMBC: "Imaginem primeiro perder um filho, depois não saber se está vivo, morto ou ferido, manter a esperança durante 10 anos e finalmente as suas preces são ouvidas, é certamente o melhor presente para o dia das mães".

A polícia reconheceu ter ido duas vezes à casa de Ariel Castro: em março de 2000 por uma briga de rua, e em janeiro de 2004 pelo caso de um estudante que foi esquecido no ônibus escolar dirigido por Ariel. Mas a polícia bateu na porta da casa e não obteve resposta.


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