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Suspeito de sequestro é pai de criança encontrada no cativeiro em Cleveland

As vítimas foram libertadas na segunda-feira (6/5), depois que uma delas, Amanda Berry, 27 anos, conseguiu chamar a atenção de um vizinho

Agência France-Presse
postado em 10/05/2013 12:49

Suspeito Ariel Castro é acusado de ter raptado três mulheres
Cleveland, Estados Unidos
- Resultados preliminares do exame de DNA confirmaram que o homem acusado pelo sequestro e estupro de três mulheres nos Estados Unidos é o pai da criança também mantida em cativeiro, informou o procurador-geral de Ohio. Ariel Castro, um ex-motorista de ônibus de 52 anos, é acusado de ter raptado três mulheres em incidentes separados há uma década e mantido todas em cativeiro.



[SAIBAMAIS]As vítimas foram libertadas na segunda-feira (6/5), depois que uma delas, Amanda Berry, 27 anos, conseguiu chamar a atenção de um vizinho, que derrubou a porta da casa e resgatou ela e a filha de seis anos que ela teve durante o sequestro.

"O escritório de investigação criminal da procuradoria geral recebeu uma mostra do DNA de Castro na tarde de ontem e especialistas trabalharam durante a noite para confirmar que Castro é o pai da menina de seis anos", afirma um comunicado do procurador Mike DeWine.

Um filme de terror

Enquanto as três jovens tentavam voltar à normalidade, a filha mais velha de Ariel Castro disse hoje que vive em "um filme de terror".

"É como um filme de terror. Como ver um filme ruim, no qual somos os protagonistas, sem suspeitar de nada do que acontece", desabafou Angie Gregg, em declarações à rede CNN. "Todas essas coisas estranhas que chamaram minha atenção nos últimos anos, como manter a casa cuidadosamente fechada, mesmo em alguns lugares dentro de casa; (o fato de que) quando jantávamos na casa da minha avó ele saía por uma hora e voltava sem dar explicações... Tudo isso agora faz sentido", conta a jovem, acrescentando que seu pai "nunca queria ficar fora de casa por mais de um dia".

Angie contou que, há dois meses, seu pai mostrou a ela a foto de uma criança pequena em seu celular: "Olha que linda, é a filha de uma das minhas amigas", disse ele. "Eu disse a ele: ;Pai, essa criança se parece com Emily, minha irmãzinha;, e ele me respondeu: ;Não, não é minha filha, é a filha de uma das minhas amigas com outra pessoa;".

"Não quero vê-lo nunca mais", afirmou. "Nós não temos sangue de monstro em nossas veias", acrescentou.

Psicólogos consultados pela AFP explicaram que as vítimas de violência prolongada normalmente entram no "piloto automático" para sobreviver.

"Nesse tipo de situação extrema, prolongada, com frequência essas pessoas podem sobreviver se desconectando de seu entorno imediato, fechando-se psicologicamente e até mesmo do ponto de vista sensorial", comentou o professor Steven Gold, Ph.D, do Centro para Estudos Psicológicos da Nova Southeastern University (NSU), na Flórida (sudeste dos EUA).

"A mente humana tem uma capacidade de adaptação incrível", ressaltou a psicóloga especializada em violência sexual Elaine Ducharme, que trabalha em Glastonbury (Connecticut, nordeste dos EUA). "Temos o instinto de sobrevivência programado", completou.

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