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Cuba amplia acesso público à internet mas descarta uso nos lares

Cuba tem um dos menores níveis de acesso à internet na América Latina. O número de usuários da rede foi de 2,6 milhões em 2011, em uma população de 11,1 milhões, segundo estatísticas oficiais

Agência France-Presse
postado em 28/05/2013 14:34
Havana - Cuba ampliará em junho o acesso à internet, com a abertura de 118 salas de navegação na ilha, aproveitando um cabo submarino de fibra ótica estendido a partir da Venezuela, mas o acesso à rede nos lares será restrito, informou nesta terça-feira (28/5) o Ministério das Comunicações.

"A partir de 4 de junho de 2013, o serviço público de acesso à internet será ampliado através de 118 salas de navegação" que serão abertas nas principais cidades, às quais "outras irão se incorporando progressivamente", segundo uma resolução do ministério publicada no Diário Oficial e em meios de comunicação locais.

[SAIBAMAIS] Qualquer pessoa poderá contratar nestas salas ou nos escritórios da empresa de telecomunicações Etecsa contas de acesso à internet por 4,50 dólares a hora (agora custa 6 dólares) e de e-mail (1,50 dólar, mantém seu preço), segundo a resolução, mas essas tarifas são muito caras para a maioria dos cubanos, que recebem 20 dólares por mês, em média.

"Estas novas tarifas, por mais baixas que possam parecer, continuam sendo altas em comparação com o salário que recebemos. Então continua como antes", declarou à AFP a médica Tania Molina.



Os serviços anunciados nesta terça "só poderão ser acessados a partir das salas de navegação", segundo a resolução, o que descarta a instalação de conexões à internet nos lares, como ocorre nos demais países.

Na ilha existem agora mais de 200 salas públicas de internet em hotéis que vendem cartões por de 7 a 10 dólares a hora. Também há acesso a e-mails nos postos de correios.

Cuba tem um dos menores níveis de acesso à internet na América Latina. O número de usuários da rede foi de 2,6 milhões em 2011, em uma população de 11,1 milhões, segundo estatísticas oficiais. Quase todos os cubanos acessam a internet em seus locais de trabalho ou estudo, já que os únicos que possuem conexão em casa são os médicos, jornalistas e alguns outros profissionais.

A ilha restringe o acesso à internet apresentando como justificativa o limitado poder da conexão por satélite utilizado antes da instalação do cabo que a conecta à Venezuela, entre 2010 e 2011, e que começou a ser testado em janeiro. Cuba está impedida de se conectar a outros cabos internacionais que passam perto de sua costa, devido ao embargo dos Estados Unidos, em vigor desde 1962.

A ampliação do acesso à internet é possível pelo fato de "já estar em funcionamento o cabo de fibra ótica entre Cuba e Venezuela, o que garante uma maior qualidade e estabilidade nas comunicações internacionais", segundo o ministério.

No entanto, o ministério destacou que o cabo, "embora melhore as comunicações internacionais (...), não é um serviço gratuito" e ainda são exigidos "importantes investimentos tanto para modernizar o parque tecnológico quanto para ampliar as facilidades de conexão".

O governo comunista afirma que - devido à conexão limitada - prioriza seu "uso social" em escolas, universidades, centros de pesquisa e em outras instituições estatais na ilha.

Mas os opositores afirmam que esta é outra forma de censura no país, onde todos os meios de comunicação são controlados pelo Estado.

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