Mundo

Começam em Bonn negociações por acordo contra mudanças climáticas

Após o fracasso da Cúpula de Copenhague, em dezembro de 2009, espera-se que durante os 12 dias em Bonn se comecem a esboçar as linhas deste acordo, que não entraria em vigor até 2020

Agência France-Presse
postado em 03/06/2013 18:26
Bona - A comunidade internacional deu início nesta segunda-feira (3/6), em Bonn, a uma rodada de negociações sobre a direção da ONU sobre um futuro acordo para combater as mudanças climáticas, que se propuseram a alcançar em 2015. Seis meses depois dos pífios resultados que saíram da conferência de Doha, agora as negociações têm como meta o ano de 2015, quando os países se comprometeram a chegar a um acordo para tentar limitar o aquecimento global entre 3;C e 5;C acima das temperaturas atuais.

Embora os temores de que se alcancem estas cotas sejam maiores do que nunca, uma vez que a concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera acaba de superar o limite simbólico de 400 partes por milhão (PPM), o que não tinha sido alcançado há milhões de anos. "Diante do desafio de ter superado as 400 PPM pela primeira vez na história da humanidade, não preciso lembrar que não podemos obter resultados urgentes", advertiu aos delegados a costa-riquenha Christiana Figueres, secretária executiva da Convenção-quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (CMNUCC). "As negociações entraram em uma fase crítica" diante da data fixada de 2015, destacou.

Após o fracasso da Cúpula de Copenhague, em dezembro de 2009, espera-se que durante os 12 dias em Bonn se comecem a esboçar as linhas deste acordo, que não entraria em vigor até 2020. Os países devem estudar e se comprometer a maiores reduções dos níveis de gases de efeito estufa e a destinar para isto mais financiamento.

Este futuro acordo deve comprometer todos os países, sobretudo China e Estados Unidos, os dois maiores emissores de CO2, a reduzir suas emissões. Só os países industrializados que firmaram o Protocolo de Kioto - que não foi ratificado pelos Estados Unidos - contam hoje com compromissos concretos.

"Papel decisivo" da UE

O futuro acordo deverá responder a perguntas como quais promessas concretas cada país pode apresentar e se os emergentes devem ter o mesmo tipo de compromissos que os industrializados. "Por enquanto, as negociações foram construídas agradavelmente, mas ouvi dizer a um negociador de um país emergente que quando começarmos as negociações de verdade, será um banho de sangue", diz um negociador europeu, já que os emergentes resistem em fazer os mesmos esforços que seus vizinhos do norte.



Nestas negociações, a União Europeia (UE) "está em posição de desempenhar um papel decisivo", segundo Jason Anderson, encarregado em clima e energia da ONG WWF. E não só porque duas das três próximas conferências serão em Varsóvia, de 11 a 22 de novembro, e provavelmente em 2015 em Paris, mas porque é um dos atores mais comprometidos e que mais medidas tomou nos últimos anos.

Os 194 países participantes, que negociam convocados pela ONU, se comprometeram a limitar o aquecimento global a %2b2;C com relação à época pré-industrial. Mas vários estudos recentes mostraram que com os compromissos atuais não será possível alcançar este objetivo.

O próximo grande relatório científico sobre aquecimento, elaborado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), vinculado às Nações Unidas, será publicado em setembro. "Vimos verdadeiras mudanças nas precipitações, nas colheitas e no aumento das tempestades e das secas, que provocam fome nas populações de todo o planeta", lembrou Harjeet Singh, da ONG ActionAid International.

Para Kumi Naidoo, diretor do Greenpeace International, "não há razão" para esperar um novo impulso em Bonn. "O sistema de negociação da ONU é muito pesado, problemático e enfadonho. No entanto, a ONU é o melhor e o único veículo que temos para avançar unidos", disse.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação