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Ex-chefe do Estado-Maior da Turquia é condenado à prisão perpétua

Um tribunal começou nesta segunda-feira a ditar as sentenças em um megajulgamento contra 275 pessoas, entre elas inúmeros militares

Agência France-Presse
postado em 05/08/2013 10:07
Silivri, Turquia - O ex-chefe do Estado-Maior do exército turco entre 2008 e 2010, general Ilker Basbug, foi condenado nesta segunda-feira (5/8) à prisão perpétua por tentativa de golpe de Estado, informou o canal de TV privado NTV. Um tribunal turco começou nesta segunda-feira (5) a ditar as sentenças em um megajulgamento contra 275 pessoas, entre elas inúmeros militares, acusadas de promover um golpe de estado contra o primeiro-ministro islamita conservador Recep Tayyip Erdogan.

Basbug foi condenado junto a outros oficiais, entre eles Hursit Tolon, ex-comandante do primeiro exército, por "tentativa de derrubar a ordem constitucional pela força", indicou o tribunal. Pouco antes, o tribunal absolveu 21 dos 275 acusados que foram julgados em Silivri, oeste de Istambul.

Manifestantes se reúnem perto de um tribunal em Silivri, onde ocorre audiência de acusados de tentar derrubar o governo de raízes islâmicas do primeiro-ministro Tayyip Erdogan
Dezenas de acusados, entre eles generais, jornalistas e líderes da máfia, estão detidos desde 2007 e são julgados desde 2008 dentro desse megaprocesso, que foi denunciado pela oposição laica como uma caça às bruzas com o objetivo de calar as críticas contra o atual governo do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP). Sessenta e seis acusados esperam o veredicto presos.



Cerca de dez mil manifestantes antigovernamentais se reuniram diante do tribunal de Silivri, onde foram registrados confrontos com a polícia, que lançou gases lacrimogêneos para dispersá-los. Exibindo bandeiras nacionais e retratos de Mustafá Kemal Ataturk, o pai da república laica, os manifestantes pediam o fim do fascismo e a renúncia do governo.

O início do caso remonta a junho de 2007, depois de uma operação antiterrorista em um bairro humilde de Istambul, onde foram achados armas e explosivos. O processo ficou conhecido como "caso Ergenekon", nome da suposta acusada de ter propiciado um golpe de Estado contra Erdogan, no poder desde 2002, semeando o caos com atentados e operações de propaganda.

As Forças Armadas, que durante décadas se apresentaram como guardiãs dos valores laicos da República, derrubaram três governos democraticamente eleitos desde 1960 e obrigaram a um governo pró-islamita a se demitir em 1997. Depois da explosão do "caso Ergenekon", foram realizados outros julgamentos contra grupos como Kafes (a jaula), que preparava, segundo a acusação, atentados contra membros das minorias cristãs, ou o Balyoz, que fez sentar no banco dos réus quase 300 militares.

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