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Organização contra Armas Químicas examina lista de arsenal químico sírio

Cumprindo a data limite fixada no acordo russo-americano, Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAC) começou a examinar a lista do arsenal químico da Síria

Agência France-Presse
postado em 21/09/2013 11:35
Damasco - A Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAC) começou a examinar neste sábado (21/9) a lista do arsenal químico fornecida pela Síria, onde o exército e as milícias pró-regime mataram 15 pessoas em um povoado sunita. O regime de Damasco entregou neste sábado, como estava previsto, a lista de seu arsenal químico à OPAC, cumprindo a data limite fixada no acordo russo-americano alcançado no dia 14 de setembro em Genebra. "A OPAQ confirmou o recebimento da lista que era esperada do governo sírio sobre seu programa de armas químicas", indicou em um e-mail à AFP a organização em sede em Haia. "A secretaria técnica está examinando a informação recebida", acrescentou.

Esta análise coincide com intensas negociações diplomáticas em busca da adoção de uma resolução da ONU sobre o desmantelamento do arsenal químico de Damasco. Mas os diplomatas ainda não conseguiram entrar em acordo sobre o projeto de resolução que apresentarão ao Conselho de Segurança. Há grandes divergências sobre a invocação ou não do capítulo VII da Carta das Nações Unidas, que prevê medidas coercitivas - que vão de sanções econômicas ao uso da força - se a Síria não respeitar seus compromissos.

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A Rússia, aliada de Damasco, se opõe a este tipo de resolução, que é apoiada pelos países ocidentais. Apesar de diversas reuniões, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (Estados Unidos, Rússia, China, França e Grã-Bretanha) ainda não entraram em acordo. No entanto, a Rússia pode mudar sua posição sobre a Síria se observar alguma intenção de trapaça por parte do regime de Bashar al-Assad, indicou neste sábado um funcionário do Kremlin.

"Estou falando de forma teórica e hipotética, mas se chegarmos à conclusão de que Assad está nos enganando, podemos mudar de posição", disse Serguei Ivanov de Estocolmo, onde participa de uma conferência, citado pelas agências russas. Ivanov não forneceu mais detalhes e reiterou a posição de Moscou, contrário a uma ação militar externa na Síria, onde a guerra civil já deixou 110.000 mortos em 30 meses.

[SAIBAMAIS]Análise adiada

A OPAQ, que deveria se reunir no domingo para examinar o programa de destruição das armas químicas de Damasco, assim como o pedido de adesão da Síria à convenção para a proibição deste tipo de armas, decidiu adiar este encontro sem fixar nenhuma outra data. Segundo fontes diplomáticas, o texto que deve servir como base de trabalho à reunião, e que é alvo de discussões entre americanos e russos, ainda não está pronto. Mas enquanto a reunião da OPAQ não ocorrer será difícil que o Conselho de Segurança possa aprovar uma resolução.

Uma equipe de investigadores da ONU, entre eles nove especialistas da OPAQ, afirma ter encontrado "provas flagrantes e convincentes" do uso de gás sarin durante um ataque ocorrido no dia 21 de agosto perto de Damasco, que deixou centenas de mortos. Os países ocidentais acusam o regime sírio de ter realizado este ataque. No entanto, Damasco afirma que ele foi realizado pelos rebeldes. A Rússia, sua aliada, mantém a mesma postura.

Por outro lado, a coalizão da oposição síria rejeitou neste sábado a proposta do Irã de mediar um diálogo entre os rebeldes e o regime do presidente Assad, por considerar que é pouco confiável, vindo do principal aliado regional de Damasco. "A proposta iraniana não é séria e carece de credibilidade política", afirma a coalizão em um comunicado.

Em terra, 15 pessoas morreram baleadas ou feridas por armas brancas em uma operação do exército e de milicianos pró-regime contra um povoado sunita do centro da Síria, Sheikh Hadid, informou neste sábado o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), que se informa graças a uma rede de ativistas e de fontes médicos na Síria.

Por fim, um funcionário do regime sírio afirmou neste sábado que as reservas de trigo existentes - 3 milhões de toneladas, em boa parte importadas do Irã - bastam para cobrir durante mais de um ano as necessidades do país.

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