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Irã pede que Israel assine o tratado de não-proliferação nuclear

A medida é para submeter as armas nucleares ao controle internacional

Agência France-Presse
postado em 26/09/2013 11:15

Nova York - O presidente iraniano, Hassan Rohani, apelou nesta quinta-feira (26/9)para que Israel assine o Tratado de Não-Proliferação Nuclear e submeta, desta forma ao controle internacional a bomba atômica que supostamente o Estado hebreu possui, antes de uma inédita reunião de chanceleres das potências com Teerã para discutir seu programa nuclear

Rohani também declarou que é possível alcançar um acordo entre Teerã e as potências do grupo 5%2b1 (Estados Unidos, Rússia, China, Frnaça, Grã-Bretanha e Alemanha) sobre a questão nuclear em três ou seis meses. Esta é a primeira vez que um secretário de Estado americano, no caso John Kerry, ficará cara a cara com seu colega iraniano, Mohamad Javad Zarif, para discutir a questão nuclear, embora esteja acompanhado dos ministros dos outros quatro membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, além da Alemanha



A reunião em Nova York ocorre em meio à aproximação entre Estados Unidos e Irã - que romperam relações diplomáticas pouco depois da revolução islâmica de 1979 - propiciada pelo tom conciliador de Rohani desde sua chegada à presidência, em junho passado, e a quem Barack Obama se mostrou aberto. Precisamente antes do crucial encontro, o presidente iraniano, cujo país é acusado pelas potências ocidentais de querer se dotar de uma arma atômica, convocou Israel a assinar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear. "Enquanto houver armas nucleares, o risco de seu uso, ameaça de uso e proliferação existirão. A única garantia absoluta é a eliminação total", afirmou Rohani durante uma reunião sobre desarmamento no âmbito da Assembleia Geral da ONU em Nova York. "Quase quatro décadas de esforços internacionais para estabelecer uma zona livre de armas nucleares no Oriente Médio lamentavelmente fracassaram. Israel, o único não signatário do Tratado de Não-Proliferação, deve somar-se a ele sem mais demora", insistiu.

Israel jamais confirmou ou desmentiu as abertas suspeitas que o mundo tem a respeito de seu arsenal nuclear. O Tratado de Não-Proliferação exige que os países signatários se submetam ao controle da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Rohani deu a entender, por sua vez, que em questão de meses seria possível alcançar um acordo entre Teerã e as potências sobre a questão nuclear iraniana.

"Se o Irã pudesse escolher, preferiria em três meses. Seis meses também está bom. É uma questão de meses, e não de anos", indicou.


Conversa breve em busca de avanços


O encontro entre Kerry e seus colegas com Zarif abriu espaço para grandes expectativas, e o próprio funcionário americano afirmou na manhã desta quinta-feira estar certo de que será uma boa reunião.

Zarif afirmou inclusive que seu país estava disposto a uma reunião bilateral no mais alto nível com os Estados Unidos. "O presidente Rohani não tem problema quanto" à ideia de uma reunião com Obama, que não ocorreu em Nova York, afirmou citado nesta quinta-feira pela agência oficial iraniana Irna. A reunião ministerial será, de qualquer forma, uma conversa curta, disse a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, que dirige as negociações com o Irã em nome do 5%2b1. Segundo diplomatas ocidentais, este encontro permitirá que os ministros das potências ocidentais lembrem que "há uma oferta sobre a mesa", apresentada em uma reunião em abril de Almaty (Cazaquistão), e assegurem que qualquer proposta iraniana seja cuidadosamente analisada.


No entanto, no momento "não há a menor abertura nas posições", afirmaram estas fontes, embora tenham informado que "a menor oportunidade será aproveitada". As potências mundiais temem que no médio prazo o Irã consiga enriquecer urânio suficiente para produzir a bomba atômica. Em seu discurso na terça-feira no plenário da ONU, Rohani disse que seu país não representa "absolutamente nenhuma ameaça" para o mundo, e pediu que Obama ignore os grupos de pressão pró-guerra. "Se (os Estados Unidos) evitarem seguir os interesses no curto prazo dos grupos de pressão pró-guerra, podemos encontrar um marco para administrar nossas divergências", sustentou. Neste mesmo dia de abertura da Assembleia Geral da ONU, Obama disse acreditar "firmemente que um caminho diplomático deve ser tentado", apontando, no entanto, que "as palavras conciliatórias (do Irã) deverão ser igualadas por ações que sejam transparentes e verificáveis"

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