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Líderes do G20 pedem aos EUA para resolver em breve sua crise fiscal

"Os Estados Unidos devem tomar ações urgentes para resolver a incerteza fiscal de curto prazo", disseram os responsáveis em um comunicado

Agência France-Presse
postado em 11/10/2013 19:38
WASHINGTON - Os países membros do G20 aumentaram nesta sexta-feira (11/10) a pressão e pediram aos Estados Unidos a tomar medidas urgentes para resolver a crise do orçamento e da dívida, que gera temores na economia mundial.

Reunidos paralelamente à reunião do FMI e do Banco Mundial, os ministros dos países desenvolvidos e emergentes pediram à primeira potência global para tomar "ações urgentes" para romper a paralisia parcial do governo e evitar um catastrófico default.

"Os Estados Unidos devem tomar ações urgentes para resolver a incerteza fiscal de curto prazo", disseram os responsáveis em um comunicado.

[SAIBAMAIS]A menção explícita aos Estados Unidos já no primeiro parágrafo da declaração de três páginas pôs em evidência a preocupação dos países do G20 diante da possibilidade real de que a maior economia do mundo entre em default pela primeira vez em sua história.

Depois de onze dias de paralisia do governo, que provocou o fechamento de alguns serviços e a paralisação técnica de milhares de funcionários públicos, os Estados Unidos estão no olho do furacão em razão do bloqueio nas negociações sobre a suspensão do teto da dívida, com o risco de provocar um default.

Democratas e republicanos recomeçaram a dialogar na manhã desta sexta-feira, mas as perspectivas de uma solução rápida ainda não são claras. Washington aceitou ser citado no comunicado, um fator que pode aumentar a pressão sobre os republicanos.

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Anton Siluanov, ministro das Finanças da Rússia - que ocupa atualmente a presidência do G20 -, destacou as preocupações do grupo, apesar de manter o otimismo.

"Nossos colegas dos Estados Unidos estão fazendo todo o possível para encontrar um entendimento e um acordo no Congresso", disse o responsável.

Durante a reunião, os ministros do G20 discutiram cenários sobre a crise, "mas o otimismo prevaleceu nesta área e acreditamos que a administração e o Congresso chegarão a uma solução aceitável", disse Siluanov.

Contudo, mais cedo, durante a sessão de trabalho, retransmitida por erro na sala de imprensa do FMI, Siluanov pediu aos Estados Unidos para encontrar uma solução "o quanto antes" e reconheceu que "não parece haver uma perspectiva" de acordo.

Reforma no FMI

O G20 também pôs os Estados Unidos contra a parede ao criticar a incapacidade de ratificar a reforma da direção do FMI em benefício das economias emergentes. O texto, aprovado em 2010, espera o voto no Congresso dos Estados Unidos para entrar em vigor.

"Reafirmamos a necessidade urgente de ratificar imediatamente o tratado de 2010 sobre as reforma das quotas e da governança", expressou o G20 em seu comunicado, apesar de, neste caso, não mencionar explicitamente os Estados Unidos.

Os países do G24, das economias emergentes, já tinham lamentado profundamente na quinta-feira que a reforma ainda não tenha entrado em vigor.

A diretora gerente do FMI, Christine Lagarde, admitiu recentemente que a instituição que dirige reflete a economia mundial tal como era em 2008, antes da crise que colocou os países desenvolvidos em recessão.

BM contra a burocracia


Como reflexo dessas reformas, o Banco Mundial também deve tomar medidas para acabar com a "burocracia" e a complexidade que desanima seus países membros, declarou seu presidente Jim Yong Kim.

"Nos comprometemos a ser um aliado com o qual é fácil trabalhar", declarou Kim na plenária do Banco Mundial-FMI. "Uma instituição voltada ao desenvolvimento não pode ser operacional quando seus clientes estão desorientados" por sua organização, acrescentou.

"Progressos" no banco dos BRICS

Os países dos BRICS conseguiram avançar na formação de um banco de desenvolvimento e de um fundo monetário comum afirmou o presidente do Banco Central brasileiro, Alexandre Tombini.

"Foram registrados progressos nas negociações sobre a estrutura de seu capital, sua estrutura acionária e seu modo de governança", disse Tombini durante um discurso durante a reunião anual do FMI e BM.

O futuro banco, batizado momentaneamente como NDB, seria dotado de 50 bilhões de dólares e competiria com o FMI e o BM.

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