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Yanukovich nega que acordo com Rússia impedirá aproximação Ucrânia-UE

O presidente ucraniano também declarou que país pode aderir a certas cláusulas da união aduaneira integrada por Rússia, Belarus e Cazaquistão

Agência France-Presse
postado em 19/12/2013 11:11
Partidários do presidente ucraniano, Viktor Yanukovich se reúnem para assistir transmissão de coletiva de imprensa
O presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, negou nesta quinta-feira (19/12) que o acordo econômico com a Rússia impedirá uma aproximação com a União Europeia, mas declarou que a Ucrânia pode integrar parcialmente a união alfandegária liderada por Moscou, além de denunciar a ingerência dos ocidentais que apoiam a oposição pró-UE.

Em uma entrevista televisionada, Yanukovich negou que os acordos econômicos com a Rússia estejam em contradição com a aproximação com a UE, respondendo, assim, às críticas da oposição, como as da ex-primeira-ministra detida Yulia Timoshenko. "Não estão em contradição com os projetos de integração. São relações econômicas", declarou o presidente, ao ser perguntado se o acordado com Moscou comprometia um possível acordo de associação com a UE.

Yanukovich também declarou que seu país pode aderir a certas cláusulas da união aduaneira integrada por Rússia, Belarus e Cazaquistão. "O governo ucraniano recebeu hoje (quinta-feira) os documentos e os está examinando. Depois (...) decidiremos a quais cláusulas aderiremos e a quais não aderiremos e sob que condições", declarou.



Por último, Yanukovich denunciou a ingerência dos líderes de potências ocidentais que saíram ao encontro de manifestantes opositores em Kiev. "Oponho-me categoricamente a que outros venham ao nosso país e nos ensinem como devemos viver", declarou à televisão, depois que líderes da UE e dos Estados Unidos, como o senador John McCain, saíram ao encontro de manifestantes em Kiev. O presidente respondeu, desta forma, às críticas da oposição.

Timoshenko havia estimado na quarta-feira que "Yanukovich colocou a Ucrânia sob o controle político, militar, energético, econômico e financeiro da Rússia", tornando impossível assinar um acordo de associação com a UE.

Os responsáveis pela UE se mostraram mais moderados na quarta-feira, um dia após a visita de Yanukovich ao seu colega russo Vladimir Putin, e do anúncio dos acordos no Kremlin. Mediante estes acordos, a Rússia concede 15 bilhões de dólares à Ucrânia comprando obrigações ucranianas, baixa em um terço o preço do gás vendido ao país, em nível preferencial reservado a alguns países da ex-União Soviética, e levanta os obstáculos ao comércio impostos nos últimos meses.

Para assinar o acordo de associação com a UE, a Ucrânia precisaria aceitar as condições do Fundo Monetário Internacional, como o aumento dos preços do gás para os particulares, a desvalorização da moeda nacional e o congelamento dos salários, além de continuar comprando gás a preços elevados.

[SAIBAMAIS]A presidência lituana da UE considerou que o acordo assinado entre Ucrânia e Rússia era "uma solução temporária" e só adia uma crise iminente, sem enfrentar os desafios no longo prazo. Os Estados Unidos apontaram ao governo ucraniano que o acordo com Moscou não acalmará "as preocupações dos que se reuniram para protestar em toda a Ucrânia".

Putin, por sua vez, explicou nesta quinta-feira que a Rússia ajuda a Ucrânia como "país irmão e povo irmão", em sua coletiva de imprensa anual.

"Dizemos com frequência que é um povo irmão, um país irmão, então devemos agir como parentes próximos e apoiar o povo ucraniano, que se encontra em uma situação difícil", acrescentou Putin.

O presidente russo afirmou que "nunca ninguém tentou asfixiar seu vizinho", em resposta a uma pergunta sobre a suposta pressão que a Rússia teria exercido sobre Kiev para impedir a assinatura de um acordo de associação com a UE. "Não temos nada contra este acordo, só dizemos que então teremos que defender nossa economia", declarou Putin.

A UE acusou Putin de ter pressionado Kiev para impedir a assinatura deste acordo histórico.

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