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Espanha emite dívida a menor custo e reforça esperanças da zona do euro

Simultaneamente, a dívida pública espanhola no mercado secundário teve uma taxa historicamente baix

postado em 09/01/2014 16:20
A Espanha realizou nesta quinta-feira (9/1) emissões de títulos da dívida de mais de 5,2 bilhões de euros com juros em queda, confirmando os sinais de recuperação financeira das economias da zona do euro mais atingidas pela crise.

O país, cujos custos de financiamento há um ano e meio fizeram soar os alarmes de que pudesse seguir o caminho de Portugal ou da Irlanda e pedir um resgate econômico, começou 2014 por um caminho muito diferente após ter recuperado a confiança dos investidores.

Nesta quinta-feira (9/1), o Tesouro espanhol captou 5,287 bilhões de euros a 5 e 15 anos a anos "taxas de juros que caíram substancialmente em ambas as referências, até mínimos históricos, no caso dos títulos a cinco anos", afirmou o Ministério da Economia espanhol em um comunicado.

Simultaneamente, a dívida pública espanhola no mercado secundário teve uma taxa historicamente baixa.

A quarta economia da zona do euro superou nesta quinta-feira seu objetivo de captar entre 4 e 5 bilhões de euros, aproveitando o apetite dos investidores, cuja demanda foi de "11.092,89 milhões de euros, mais que o dobro da quantia prevista", acrescentou o Ministério.

A emissão espanhola se une à efetuada na terça-feira pela Irlanda, que em sua primeira emissão de títulos a dez anos após sua saída do resgate internacional, captou 3,75 bilhões a menor juros.

Nesta quinta-feira, Portugal, que espera sair do resgate em maio, também prevê emitir títulos da dívida a médio prazo.



A emissão espanhola "de títulos mostra que a confiança dos mercados nesses países é tão forte agora que até poderiam sustentar bem certa volatilidade", afirmou Christian Schulz, economista do banco Berenberg.

A Espanha emitiu títulos a cinco anos por 3,527 bilhões de euros a uma taxa de juros média de 2,382% frente a 2,697% da última emissão do mesmo vencimento, no dia 19 de dezembro, o nível mais baixo desde a criação do euro.

Com títulos a quinze anos, o Tesouro captou 1,761 bilhão a um juro de 4,192% frente a 4,809% de 19 de setembro.

O ano também começou bem para a Espanha no mercado secundário, onde a dívida já emitida é negociada, onde a taxa de juros a cinco anos também caiu nesta quinta-feira às 08H25 (horário de Brasília) a 2,235%, seu nível mais baixo desde a criação da zona do euro.

A taxa de risco, que mede o sobrecusto que a Espanha paga por título a dez anos em comparação com a Alemanha, o país de referência da zona do euro, se situou em 178 pontos básicos, longe de recorde alcançado no verão de 2012, acima dos 600 pontos.

A Espanha, que parece ter recuperado a confiança dos investidores em 2013, quer continuar seu bom ritmo e reduzir mais seus custos de financiamento em 2014, ano em que prevê captar 242,37 bilhões de euros brutos no mercado de títulos, deles 133,28 bilhões a médio e longo prazo.

Após os duros golpes recebidos nos mercados em 2012, que previa que o país pedisse resgate de sua economia como a Grécia ou a Irlanda, a Espanha se beneficiou, assim como esses dois países, em 2013 de uma maior calma depois que o Banco Central Europeu (BCE) anunciou seu apoio aos países em dificuldades.

O apoio do BCE unido às reformas feitas pela Espanha para reduzir seu déficit público parecem ter levado a uma pequena recuperação econômica que lhe permitiu sair da recessão no terceiro trimestre.

"Espanha e Portugal parecem bastante fortes agora. Experimentam uma recuperação liderada pelas exportações e manufaturas, já não por bolhas imobiliárias", afirmou Schulz.

Contudo, o país continua sofrendo um desemprego recorde de cerca de 26%, o que prejudica o consumo das famílias, enquanto seus bancos, que se beneficiaram de uma ajuda financeira europeia muito condicionada, ainda não abriram totalmente a fonte do crédito, freando a recuperação econômica.

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