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Celac se reúne em Cuba na primeira cúpula depois da morte de Hugo Chávez

A cúpula formada por 33 países deve enviar um sinal para os Estados Unidos para que revise sua política com Cuba

Agência France-Presse
postado em 27/01/2014 12:48
Havana - Os 33 países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) se reúnem na terça (28/1) e quarta-feira (29/1) em Havana, sem seu principal incentivador, Hugo Chávez, em uma cúpula que deve enviar um sinal para os Estados Unidos para que revise sua política com Cuba.

[SAIBAMAIS]O país, reintegrado ao cenário latino-americano enquanto Washington mantém um embargo comercial há 50 anos, deixará a presidência rotativa do órgão, o maior reconhecimento diplomático regional recebido pelo regime comunista de Havana. "Vamos construindo, sob a dura realidade, trabalhosamente, o ideal de uma América Latina e Caribe diversificados, mas unidos" disse o anfitrião, o presidente cubano Raúl Castro, que entregará o comando da Celac à mandatária costa-riquenha, Laura Chinchilla.



"Nunca antes, desde 1959 até hoje, Havana recebeu um apoio regional público tão claro", afirmou à AFP o analista Arturo López-Levy, da Universidade de Denver. A presença dos líderes regionais "reiterará uma mensagem de repúdio hemisférico à política norte-americana de isolamento conta Cuba", acrescentou. No entanto, os analistas descartam a hipótese de Washington aceitar esta mensagem. "A postura dos Estados Unidos não vai mudar só porque muitos líderes da América Latina vão a Cuba", explicou o cientista político Patricio Navia, da Universidade de Nova York, à AFP.

O encontro regional é o evento de maior importância que acolhe Raúl Castro, que tem dado certos passos de liberalização econômica depois de substituir seu irmão, Fidel Castro, no comando do país em 2006, apesar de descartar uma abertura política. Também nesta II Cúpula da Celac, o México retomará suas relações com Cuba, com uma visita oficial do presidente Enrique Peña Nieto na quarta, enquanto Raúl Castro inaugurará nesta segunda sua maior obra de infra-estrutura, o porto de Mariel (a 45km de Havana), junto com a presidente brasileira, Dilma Rousseff, cujo país financiou o projeto.

A Celac é fruto de um grande progresso de afirmação política da América Latina frente aos Estados Unidos, e foi lançada em dezembro de 2011 em Caracas, por iniciativa de Chavez, que já estava com câncer. Ajudou neste processo o entendimento entre os governos de esquerda e direita, com o de Juan Manuel Santos na Colômbia, que buscou o apoio de Cuba e Venezuela para abrir, desde 2012, um diálogo em Havana com as FARC, para tentar terminar o último conflito armado da América Latina.

Depois da morte de Chávez, em 5 de março de 2013, alguns previram um futuro incerto para a Celac, mas a presença em Cuba dos 33 países reflete que o bloco - que exclui os Estados Unidos e o Canadá - segue avançando. Entretanto, a figura de Chávez ainda causa conflitos: uma proposta de declaração para reconhecer sua contribuição à Celac criou no fim de semana a primeira disputa, entre Cuba e Panamá.

O presidente panamenho, Ricardo Martinelli, desistiu de apoiar para expressar seu descontentamento com o caso de um barco norte-coreano com arma cubanas capturado em julho no Canal do Panamá, violando um embargo da ONU. A cúpula se reunirá no "Pabexpo", centro de atrações no oeste de Havana que foi totalmente reformado. A segurança da cidade foi reforçada de maneira discreta, ainda que distúrbios não sejam esperados.

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