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Partido do primeiro-ministro Enrico Letta derruba o governo italiano

Depois de encabeçar por 10 meses uma coalizão entre esquerda e direita, composta para adotar reformas socioeconômicas e políticas, Letta foi ontem desautorizado pela própria legenda

postado em 14/02/2014 08:52

Letta, 47 anos, assumiu a tarefa de chefiar um gabinete concebido desde o início para uma missão limitada

A Itália inaugura nesta sexta-feira (14/2) mais um capítulo de sua prolongada crise, com a renúncia do primeiro-ministro Enrico Letta. Depois de encabeçar por 10 meses uma coalizão entre esquerda e direita, composta para adotar reformas socioeconômicas e políticas, Letta foi ontem desautorizado pela própria legenda, o Partido Democrático (PD, centro-esquerda). Acatando proposta do secretário-geral eleito em dezembro último, Matteo Renzi, a direção nacional do PD aprovou uma resolução na qual ;agradece; ao premiê pelos esforços e propõe a formação de um novo gabinete, capaz de ;tirar o país da inércia; e governar até o fim da legislatura, em 2018.

[SAIBAMAIS];Diante das decisões tomadas hoje (ontem) pela Direção Nacional do Partido Democrático, informei o presidente da República, Giorgio Napolitano, sobre minha vontade de comparecer amanhã ao (palácio) Quirinale para apresentar minha demissão como presidente do Conselho;, diz a nota publicada por Letta no fim da tarde.

Acossado havia semanas por Renzi, que criticou duramente a ;falta de ação; do governo, o premiê afirmou que deixa o cargo com ;serena convicção de ter feito, em 10 meses, o máximo (possível) nas difíceis condições encontradas;. Ele acompanhou o desenrolar da reunião da sede do governo e justificou a decisão de não travar uma disputa interna. ;O PD é o partido que ajudei a fundar. E, como é notório, não sou apaixonado pelos duelos.; No texto que apresentou à direção do PD, o secretário-geral reservou a Letta apenas um agradecimento protocolar ;pelo importante trabalho realizado;.

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O documento, aprovado com 136 votos a favor e 16 contra, ressalta ;a urgência de abrir uma nova fase, com um novo governo que tenha a força política para afrontar os problemas do país;. No discurso aos companheiros, Renzi reforçou a ideia de o PD liderar um gabinete ;para governar até o fim da legislatura (em 2018), com a atual maioria parlamentar e um novo programa;. Depois de exaltar o partido como ;o único capaz de conduzir a Itália para mudanças;, o líder esquerdista disparou: ;Chegou o momento de dizermos qual proposta temos a fazer para o país. Chegou o momento de sair da paralisia;. Letta, 47 anos, assumiu a tarefa de chefiar um gabinete concebido desde o início para uma missão limitada: conduzir as reformas exigidas para sanear as contas públicas e evitar o colapso financeiro e instituir uma nova legislação eleitoral.

A coalizão entre o PD e o Povo da Liberdade (direita) representou a única opção de construir maioria parlamentar, depois de uma eleição sem resultado claro, na qual despontou como nova força política o Movimento Cinco Estrelas (M5S), legenda de protesto criada pelo comediante Beppe Grillo. A expectativa, nos meios políticos italianos, é de que o presidente Napolitano encarregue Matteo Renzi de formar um novo gabinete, mas o jovem líder, de 39 anos, não terá vida fácil. Os parceiros de centro e direita condicionam a permanência no governo a um acordo programático, e o M5S reafirmou a postura de seguir na oposição, ainda que o impasse resulte na convocação de eleições antecipadas.

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