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Países ocidentais pressionam Rússia por saída diplomática na Ucrânia

O secretário americano de Estado, John Kerry, anunciou que visitará Kiev na terça-feira, para "reiterar o forte apoio dos Estados Unidos à soberania

Agência France-Presse
postado em 03/03/2014 08:41
Kiev - Os países ocidentais aumentavam a pressão nesta segunda-feira (3/3) para encontrar uma saída diplomática com a Rússia, acusada pela Ucrânia de ter optado pela guerra depois que comandos pró-russos se apoderaram da Península da Crimeia. A crise, uma das mais graves entre Moscou e o Ocidente desde o fim da Guerra Fria, provocava quedas nas bolsas (a de Moscou operava em baixa de mais de 5%), assim como altas no preço do petróleo.

Militares, aparentemente russos, caminham em unidade militar ucraniana na aldeia de Perevalnoye
O secretário americano de Estado, John Kerry, anunciou que visitará Kiev na terça-feira (4/3), para "reiterar o forte apoio dos Estados Unidos à soberania, independência e integridade territorial da Ucrânia", indicou a porta-voz do departamento de Estado, Jen Psaki, em um comunicado. Os Estados Unidos também pediram o envio imediato à Ucrânia de observadores da Organização para a Cooperação e Segurança na Europa (OSCE) para tentar "promover o respeito da integridade territorial" desta ex-república soviética, independente desde 1991.

O presidente Vladimir Putin considerou que a Rússia havia dado uma resposta totalmente adaptada à "ameaça constante de atos violentos por parte das forças ultranacionalistas" ucranianas, embora em uma conversa com a chefe de governo alemã, Angela Merkel, tenha aceitado a criação de um grupo de contato para iniciar um diálogo político sobre a Ucrânia.

O ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, convocou a Rússia a reconsiderar, diante do que avaliou como "a maior crise na Europa no século XXI". Hague e seu colega grego, Evangelos Venizelos, cujo país ocupa a presidência semestral da União Europeia (UE), se reunirão na terça-feira com as novas autoridades ucranianas, depois da destituição, no dia 22 de fevereiro, do presidente Viktor Yanukovytch pelo Parlamento ucraniano.



No domingo (2/3), os líderes do G7 de países mais industrializados condenaram a clara violação da soberania da Ucrânia por parte de Moscou e anunciaram a suspensão de seus preparativos visando a cúpula do G8 (G7%2bRússia) em Sochi (Rússia) em junho.

[SAIBAMAIS]"A Rússia não quer a guerra"

A Otan pediu que Kiev e Moscou cheguem a uma "solução pacífica" da crise através do diálogo e "a mobilização de observadores internacionais", segundo seu secretário-geral, Anders Fogh Rasmussen. "A Rússia não quer a guerra com a Ucrânia", respondeu no domingo o vice-chanceler russo, Grigori Karasin. A tensão persiste na Crimeia, embora os confrontos tenham sido evitados até agora.

A Península da Crimeia é uma zona autônoma ucraniana de dois milhões de habitantes, em sua maioria de língua russa, onde a frota russa do Mar Negro tem sua base. A base militar de Perevalne, que abriga uma unidade da guarda-costeira ucraniana, a 20 km de Simferopol (a capital da Crimeia), foi cercada por centenas de homens armados com fuzis, constatou a AFP.

Segundo o ministério ucraniano da Defesa, que estimou seu número em mil efetivos, os atacantes queriam obrigar a guarda-costeira a entregar suas armas. Vários locais estratégicos da península, como bases militares, aeroportos e edifícios oficiais, foram bloqueados por homens armados, cujos uniformes não têm insígnias, mas que, segundo os observadores, são soldados russos.

O almirante Denis Berezosvski, comandante-em-chefe da Marinha de guerra ucraniana, nomeado há alguns dias pelo presidente interino Olexander Turchynov, anunciou no domingo que aderia às autoridades locais pró-russas da Crimeia. A Ucrânia advertiu no domingo que a tensão havia deixado esta região da Europa à beira do desastre e já afirmou que a presneça de forças russas na Crimeia constituía uma declaração de guerra.

"Se o presidente (russo Vladimir) Putin quer ser o presidente que começou uma guerra entre dois países vizinhos e amigos, está prestes a alcançar seu objetivo. Nós estamos à beira do desastre", advertiu no domingo o primeiro-ministro interino, Arseni Yatseniuk.

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