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Além de escritor, García Márquez dedicou a vida ao jornalismo

Mesmo pouco conhecida de parte dos leitores de Cem anos de solidão, a produção jornalística de García Márquez toma toda a vida. Na Colômbia, ele deixa - para homens e mulheres dispostos a fazer jornal - uma fundação dedicada ao estudo do ofício

Leonardo Cavalcanti
postado em 18/04/2014 07:00
;(...) O jornalismo é uma paixão insaciável. Quem não sofreu essa servidão que se alimenta dos imprevistos da vida não pode imaginá-la. Quem não viveu a palpitação sobrenatural da notícia, o orgasmo do furo, a demolição moral do fracasso não pode sequer conceber o que são. Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só para isso poderia persistir numa profissão tão incompreensível e voraz (...);

Gabriel José García Márquez,
em A melhor profissão do mundo

Gabriel García Marquéz, à vontade na redação:  o jornalismo era

No princípio, era o jornalismo. A atividade prioritária de Gabriel García Márquez estava na apuração. Quase ao mesmo tempo da publicação do primeiro conto e logo depois de desistir do direito e da ciência política, em maio de 1948, o colombiano, aos 21 anos, foi repórter ; para ele, ;a melhor profissão do mundo;, como batizou o ofício, ao escrever na década de 1990 um texto caro aos seres que habitam ou habitaram uma redação de jornal.

Na Colômbia, García Márquez trabalhou como repórter e crítico para jornais em Cartagena e Barranquilla. Ao ganhar o mundo, foi correspondente na Europa, nos Estados Unidos e no México. Na década de 1970, fundou a revista Alternativa e, no fim dos anos 1990, comprou a Cambio. Ao longo da vida, dividiu o ofício de repórter e escritor de maneira única, demarcando de forma precisa os relatos jornalísticos dos textos ficcionais.

Em entrevista concedida ao jornalista colombiano Darío Arizmendi, em março de 1991, García Márquez disse: ;Sou um jornalista. Toda a vida tenho sido jornalista. Meus livros são livros de jornalista, ainda que se vejam pouco. Esses livros têm uma quantidade de investigação e de comprovação de dados e de rigor históricos, que no fundo são grandes reportagens;. Os dois livros mais jornalísticos de García Márquez são Relato de um náufrago e Notícia de um sequestro. O primeiro trata do desaparecimento de marinheiros de um destroier colombiano durante o que seria, a princípio, uma tormenta no Caribe, em 1955. O segundo conta a história de raptos e encarceramentos de colombianos nos anos 1990 pelo Cartel de Medelín.

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