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Obama tranquiliza Japão e pede ajuda a Pequim por ameaça norte-coreana

No segundo dia de sua visita ao Japão, Obama afirmou que as ilhas Senkaku no mar da China oriental estão cobertas pelo tratado de defesa e segurança entre os dois países

Agência France-Presse
postado em 24/04/2014 10:06
Tóquio - O presidente americano, Barack Obama, anunciou nesta quinta-feira (2/4) o firme apoio ao Japão em sua disputa territorial com a China, a quem pediu, por sua vez, que contenha as ambições nucleares da Coreia do Norte.

[SAIBAMAIS]No segundo dia de sua visita ao Japão, Obama afirmou em uma entrevista coletiva conjunta com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, que as ilhas Senkaku (Diaoyu para a China, que as reivindica) no mar da China oriental estão cobertas pelo tratado de defesa e segurança entre os dois países. "O artigo cinco (do tratado) cobre todos os territórios sob administração japonesa", o que inclui as ilhas Senkaku, declarou o presidente americano.



Desde que o Japão nacionalizou três destas ilhas, em setembro de 2012, a China envia regularmente navios de guerra à região, o que aumenta os temores de um incidente armado.Sem citar a China, Obama apelou nesta quinta-feira pela solução "pacífica e pelo diálogo" das "disputas na região, incluindo as marítimas".

O Japão é a primeira etapa de um giro complicado e delicado para o presidente americano, que depois viajará à Coreia do Sul, Malásia e Filipinas, já que a região vive uma escalada de tensão, precisamente devido às disputas territoriais marítimas com a vizinha China. Na manhã de sexta-feira, Obama chegará à Coreia do Sul, seu outro aliado regional, que não apenas tem disputas com o Japão, mas que está sempre em tensão devido ao imprevisível "irmão" e vizinho do Norte.

Neste xadrez asiático, o presidente americano considerou que a China deveria exercer pressão sobre a Coreia do Norte, que pode estar preparando um quarto teste nuclear. "A participação da China para encorajar a Coreia do Norte a uma direção diferente é capital", declarou Obama à imprensa. A questão nuclear envolvendo o regime comunista norte-coreano gera "a situação mais desestabilizadora, mais perigosa em toda a região Ásia-Pacífico", afirmou o presidente dos Estados Unidos.

Difícil negociação comercial

Depois de desembarcar na noite de quarta-feira em Tóquio, Obama - que foi recebido pelo imperador Akihito e pela imperatriz Michiko - teve uma longa sessão de trabalho com o primeiro-ministro Abe, com quem jantou em um restaurante de sushis localizado no subsolo de um edifício central de Tóquio.

Um dos temas bilaterais mais difíceis é a complicada negociação entre Tóquio e Washington para alcançar uma ambiciosa Associação Comercial e Estratégica Transpacífica (TPP), que reuniria 12 países, mas que sofre um grande atraso, sobretudo pela recusa japonesa em abrir seus mercados aos produtos agrícolas americanos.

Os dois líderes não puderam anunciar um acordo nestas negociações, cujo objetivo é criar a maior zona de livre comércio do mundo, e que é um dos pilares da diplomacia de Obama, centrada agora na região Ásia-Pacífico. Obama apelou para que sejam tomadas decisões corajosas e Abe limitou-se a dizer que as delegações dos dois países seguem com o trabalho.

Até o momento, por motivos políticos internos - o voto camponês é fundamental para o partido conservador no poder no Japão -, Tóquio não quer tocar em uma negociação comercial nas suas "vacas sagradas": açúcar, arroz, trigo, cereais, laticínios e gado bovino e suíno.

Do lado americano existe uma grande pressão para que Obama alcance um acordo. Sessenta membros do Congresso enviaram uma carta neste sentido ao negociador chefe, Michael Froman, e ao secretário de Agricultura, Thomas Vilsack. A escala do presidente americano em Tóquio termina na noite desta quinta-feira com um banquete oferecido pelo imperador Akihito e pela imperatriz Michiko.

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