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Ucrânia recebe apoio do FMI em meio à luta contra rebelião pró-russa

O governo ucraniano está muito pressionado pela Rússia, que lhe pede para saldar uma fatura de gás de bilhões de dólares

Agência France-Presse
postado em 01/05/2014 10:13
Ucranianos acenam bandeiras enquanto marcham durante comemoração do Dia do Trabalho
Lugansk - A Ucrânia, ameaçada militarmente pela Rússia e que enfrenta uma insurreição pró-russa cada vez mais agressiva no leste do país, recebeu um novo apoio dos ocidentais com o plano de ajuda do FMI de 17 bilhões de dólares. O Fundo Monetário Internacional desbloqueará em um primeiro momento um empréstimo de 3,2 bilhões de dólares a Kiev. O governo ucraniano está muito pressionado pela Rússia, que lhe pede para saldar uma fatura de gás de bilhões de dólares.

[SAIBAMAIS]"Era necessária uma ação urgente", explicou a diretora-gerente da instituição multilateral em Washington, Christine Lagarde, num momento em que o país se encontra à beira da asfixia financeira. Neste 1; de Maio, feriado, os tradicionais desfiles da Festa dos Trabalhadores não mobilizaram as massas, apesar da crise que o país atravessa, a pior na história desta ex-república soviética.

Em Kiev, apenas entre 2.000 e 3.000 pessoas se reuniram, gritando slogans a favor da unidade da Ucrânia, observou a AFP. Já em Moscou a mobilização foi forte e patriótica: cerca de 100.000 pessoas marcharam na Praça Vermelha, como nos tempos da União Soviética. "Estou orgulhoso do meu país" e "Putin tem razão", indicavam os cartazes agitados pela multidão.

Em Slaviansk, reduto rebelde pró-russo do leste da Ucrânia que foge há duas semanas ao controle das autoridades centrais, cerca de 200 pessoas, principalmente aposentadas, se reuniram na praça Lênin, denunciando "a junta de Kiev" e agitando bandeiras soviéticas.

"Sem novidades"


Os rebeldes separatistas desta cidade de 110.000 habitantes detêm há quase uma semana uma equipe de observadores da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE). As negociações com a organização de Viena para sua libertação parecem estancadas há dias e nesta quinta-feira a chanceler alemã, Angela Merkel, pediu que o presidente russo, Vladimir Putin, contribua para sua libertação.

Em uma conversa telefônica, "Merkel pediu uma contribuição para a libertação dos observadores militares detidos no sudeste da Ucrânia, cidadãos de países europeus, incluindo a Alemanha", informou o Kremlin em um comunicado. "Não há novidades", havia indicado horas antes à AFP a porta-voz dos rebeldes, Stella Jorosheva, que afirmou, no entanto, que o ambiente das negociações era amistoso. O grupo de detidos é composto por sete estrangeiros e quatro ucranianos.

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O chefe dos separatistas e prefeito autoproclamado de Slaviansk, Viacheslav Ponomarev, declarou nesta quinta-feira à agência Interfax que também negociava com as autoridades ucranianas. "Esperamos poder trocá-los por nossos camaradas capturados em Kiev", disse. Os rebeldes também negociam o destino de três oficiais ucranianos capturados há alguns dias: "estão bem, também vamos tentar trocá-los", acrescentou Ponomarev.

Os rebeldes pró-russos, hostis ao poder instaurado em Kiev após a queda do presidente Viktor Yanukovytch, no fim de fevereiro, seguiram nos últimos dias estendendo seu controle sobre uma série de cidades do leste da Ucrânia. Controlam edifícios estratégicos (prefeituras, delegacias e serviços de segurança) em mais de uma dezena de cidades.

Kiev havia anunciado na quarta-feira ter colocado em estado de alerta total suas forças armadas para o combate, e a Rússia respondeu acusando Kiev de "retórica belicosa para intimidar sua própria população".

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