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Relatório indica que lista de terroristas dos EUA é baseada em suspeitas

Um documento vazado mostra que 'as provas irrefutáveis e os fatos concretos não são necessários' para que haja 'suspeitas razoáveis' do envolvimento de um indivíduo com o terrorismo e é suficiente ter 'dados ou informações que possam ser verbalizados'

Agência France-Presse
postado em 23/07/2014 21:37
Washington - Americanos e estrangeiros são incluídos secretamente por Washington à lista negra de terrorismo com base em simples "suspeitas razoáveis" e podem permanecer nela por muito tempo depois de sua morte, de acordo com um documento oficial divulgado nesta quarta-feira.

O documento de 166 páginas, redigido pelo Centro Nacional de Contraterrorismo (NCTC, nas siglas em inglês) e divulgado pelo site The Intercept, detalha as instruções que as diferentes agências americanas devem seguir para incluir alguém nas principais bases de dados de controle do terrorismo.

Ao longo de cinco capítulos do "Guia de listas de monitoramento" elaborado em março de 2013 em colaboração com as 19 agências militares e judiciais de inteligência, especialistas indicam que "as provas irrefutáveis e os fatos concretos não são necessários" para que haja "suspeitas razoáveis" do envolvimento de um indivíduo com o terrorismo e é suficiente ter "dados ou informações que possam ser verbalizados".


Criticando a linguagem da lista, The Intercept detecta nele uma extensão da autoridade das autoridades governamentais para "nomear" suspeitos de terrorismo com base em "informações vagas e fragmentadas".

O site, co-fundado pelo jornalista Glenn Greenwald - que revelou os vazamentos do ex-consultor da NSA Edward Snowden -, ressalta que o "guia" permite inclusive que os mortos sejam mantidos entre os 464.000 nomes incorporados a ela.

O NCTC -que não confirmou nem negou a autenticidade do documento- teme que a identidade dos mortos ou seus documentos de viagem sejam "reutilizados" de forma fraudulenta -uma tática terrorista conhecida -, explicou em um correio eletrônico enviado à AFP um porta-voz da agência governamental.

O porta-voz salientou que as listas de monitoramento continuam "levando tempo para se adaptar a uma ameaça difusa em constante evolução".

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