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Especialistas analisam impacto do caso Watergate nos Estados Unidos

Há quatro décadas, o presidente Richard Nixon renunciava em meio a um escândalo de espionagem, sabotagem política e obstrução da Justiça

Rodrigo Craveiro
postado em 04/08/2014 08:54
Era noite de 8 de agosto de 1974 quando o então presidente norte-americano, Richard Nixon, falava pela 37; e última vez à nação. ;No decorrer do longo e difícil período do Watergate, eu senti que era meu dever perseverar. (...) Nos últimos dias, porém, tornou-se evidente que não tenho mais base política suficiente no Congresso para justificar continuar com esse esforço. (...) Eu renuncio à Presidência, de forma efetiva, ao meio-dia de amanhã;, declarou. Há 40 anos, chegava ao ápice um escândalo envolvendo um líder republicano acusado de espionar adversários políticos para obter vantagens nas eleições de 1972 e um alto agente do FBI que, disposto a derrubá-lo, abasteceu dois jornalistas com informações exclusivas sobre as investigações. A queda de Nixon abalou a imagem da democracia dos Estados Unidos perante o mundo, no momento em que o país se aproximava da China e tentava buscar uma saída para a Guerra do Vietnã, que se arrastava havia 19 anos.

;A mentira é o pecado mais grave na sociedade americana;, afirmou ao Correio o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. ;As gravações do gabinete na Casa Branca confirmavam que Nixon estava a par (dos atos ilícitos);, acrescentou. Em 17 de junho de 1972, a sede do Comitê Nacional do Partido Democrata, no complexo de escritórios Watergate (em Washington), foi invadida por cinco pessoas que tentaram fotografar documentos e instalar grampos telefônicos, os quais permitiram a Nixon ter acesso às conversas dos rivais. Os repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein, do Washington Post, receberam infromações privilegiadas do agente do FBI W. Mark Felt, conhecido como ;Garganta Profunda;.



De acordo com Rogers Smith, cientista político da Universidade da Pensilvânia, a derrocada de Nixon desmoralizou os Estados Unidos, reduziu a importância da política externa durante o governo de Gerald Ford e escancarou a falta de vontade de Washington em perseguir iniciativas nacionais. ;O Congresso desviou a atenção de outros problemas nacionais para focar em abusos do Executivo, enquanto a opinião pública tornou-se mais desencantada com o governo em geral;, explica. Segundo ele, aos olhos dos conservadores, o caso Watergate impôs restrições do Legislativo e do Judiciário à Presidência, muitas das quais consideradas inconstitucionias. ;Foi um escândalo estúpido. Era improvável que os republicanos encontrassem informações que lhes permitissem vencer as eleições;, acrescentou Smith.

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