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EUA atacam pela primeira vez grupo jihadista Estado Islâmico em Bagdá

O grupo derrubou um avião do regime de Damasco em um de seus redutos na Síria

Agência France-Presse
postado em 16/09/2014 10:36
Bagda - Os Estados Unidos bombardearam pela primeira vez na região de Bagdá o grupo jihadista Estado Islâmico (EI), que por sua vez derrubou nesta terça-feira um avião do regime de Damasco em um de seus redutos na Síria.

Os integrantes do EI derrubaram o avião sírio quando este bombardeava Raqa, anunciou a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). "Foi a primeira aeronave derrubada desde o início dos ataques do regime sírio contra eles e desde a instauração do califado no fim de junho" entre Iraque e Síria, afirma uma nota do OSDH.

As contas jihadistas no Twitter reivindicaram o ataque e elogiaram os "leões do Estado Islâmico". "Allahu Akbar (Deus é grande), Graças a Deus, está confirmado que um avião militar foi derrubado sobre a cidade de Raqa", afirma uma mensagem.

Outra conta mostra a fotografia de destroços que, segundo o EI, pertencem ao avião. Segundo o OSDH, o avião caiu sobre uma casa e deixou mortos e feridos.

Ao mesmo tempo, dois braços da Al-Qaeda (AQMI, Al-Qaeda no Magreb Islâmico, e AQPA, Al-Qaeda na Península Arábica), pediram aos jihadistas do Iraque e da Síria uma união contra a coalizão liderada pelos Estados Unidos para combater o grupo Estado Islâmico.

Em um comunicado divulgado nesta terça-feira, os dois grupos apelam aos "irmão mujahedines no Iraque e no Levante que parem de matar uns aos outros e unam-se contra a campanha dos Estados Unidos e de sua coalizão diabólica".

No Iraque, o primeiro ataque americano na região de Bagdá teve como alvo uma posição do EI em Sadr al-Yusufiya, 25 km a sudoeste da capital.

"O ataque tinha como objetivo apoiar a ofensiva do exército iraquiano contra os terroristas", anunciou o Comando Central (Centcom) americano para o Oriente Médio e Ásia Central.

A cidade de Sadr al-Yusufiya fica às margens do Eufrates, entre o reduto jihadista de Fallujah e a zona de combates de Jurf al-Sakhr, onde o exército e as milícias aliadas têm dificuldades para manter suas posições.

Em outro ataque, nas montanhas de Sinjar, os aviões americanos destruíram seis veículos utilizados pelo EI, segundo o Centcom. Desde 8 de agosto, a aviação americana realizou 162 incursões aéreas contra os jihadistas do EI, que controla quase 40% do território iraquiano e 25% da Síria.

Na semana passada, o presidente americano Barack Obama anunciou que Washington formaria uma coalizão internacional para "debilitar e, por fim, destruir" o grupo sunita extremista.

A mobilização começou a ser concretizada na segunda-feira em Paris, onde, após uma reunião de três horas, 27 países ocidentais e árabes e três organizações internacionais destacaram que o Daesh (acrônimo árabe de Estado Islâmico) é "uma ameaça não apenas para o Iraque, mas também para a comunidade internacional".

A estratégia contra o EI vai além dos ataques aéreos, ressaltou o secretário de Estado americano, John Kerry, que terminou em Paris uma viagem que o levou ao Iraque, Jordânia, Arábia Saudita, Turquia e Egito.

Na Turquia, fontes governamentais afirmaram à AFP que o exército examina um projeto sobre a instauração de uma zona neutra ao longo da fronteira com Síria e Iraque.



As discussões prosseguirão na próxima sexta-feira em Nova York, em uma reunião ministerial do Conselho de Segurança da ONU.

Em Washington, a Câmara de Representantes deve debater até quarta-feira, a pedido de Obama, uma autorização ao Pentágono para equipar e armar as forças rebeldes moderadas na Síria.

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