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Dez sobreviventes e 500 desaparecidos no pior naufrágio dos últimos anos

Número de imigrantes mortos ou desaparecidos este ano se aproxima dos 3.000

Agência France-Presse
postado em 16/09/2014 13:52
Roma - Das 500 pessoas que partiram do Egito na esperança de chegar à Itália, apenas dez sobreviveram ao que se anuncia como o pior naufrágio dos últimos anos, afirmou nesta terça-feira (16/9) a Organização Internacional para Migrações (OIM).

"O número de pessoas que morrem perto do litoral europeu é indignante e inaceitável", declarou o diretor-geral da OIM, William Lacy Swing, em um comunicado.

[SAIBAMAIS]As equipes de socorro encontraram apenas dez sobreviventes e três corpos depois deste naufrágio no Mediterrâneo, que, aparentemente, foi criminoso, acrescentou a fonte.

Quatro sobreviventes recebidos na Grécia confirmaram à OIM o testemunho de dois palestinos resgatados na Itália, segundo os quais o barco afundou depois de um ato de sabotagem de outra embarcação, de traficantes.


De acordo com os depoimentos, os traficantes obrigaram os imigrantes a trocar várias vezes de embarcação.

Quando os passageiros se rebelaram, os traficantes, que estavam em outra embarcação, avançaram contra o barco dos imigrantes, e provocaram o naufrágio.

Com este naufrágio e as dezenas de desaparecidos de outro barco que afundou no domingo, perto da Líbia, o número de imigrantes mortos ou desaparecidos este ano se aproxima dos 3.000, ou seja, quatro vezes mais que o registrado em 2013 (700 mortos), segundo a OIM.

A promotoria de Catânia, na Sicília, abriu uma investigação judicial. Segundo a marinha de Malta, a tragédia aconteceu na quarta-feira 300 milhas náuticas (555 km) a sudeste de seu litoral, em águas internacionais.

O navio teria partido em 6 de setembro de Damiette, no Egito, com 500 pessoas a bordo, entre sírios, palestinos, egípcios e sudaneses.

"Calculamos que 15 palestinos (de Gaza) que tentavam imigrar para a Itália morreram afogados e que dezenas mais continua na lista de desaparecidos", declarou nesta terça-feira Fayez Abu Eita, um porta-voz do Fatah em Gaza.

As equipes de socorro, coordenadas pelas autoridades maltesas, conseguiram encontrar dez imigrantes e três corpos, segundo um balanço estabelecido pela OIM na Itália, Grécia e Malta.

Seis dos sobreviventes com hipotermia - três palestinos, um egípcio, uma síria de 19 anos e uma menina de dois anos - foram levados de helicóptero na noite de sexta-feira para o hospital mais próximo, em La Canea, na ilha grega de Creta.

Sob a pressão da crise no Oriente Médio e na África, a anarquia deixa o caminho livre para a atuação de organizadores clandestinos dessas viagens precárias e destinadas a tragédias.

A Marinha italiana informou na segunda-feira ter resgatado 2.380 pessoas durante o fim de semana, como parte do vasto programa "Mare Nostrum" criado após a morte de mais de 400 imigrantes em dois naufrágios em outubro.

De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), cerca de 130.000 pessoas chegaram à Europa - principalmente na Itália - pelo mar desde 1o. de janeiro passado, ou seja, mais que o dobro durante todo ano de 2013.

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