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EUA e aliados atacam pela primeira vez posições do Estado Islâmico na Síria

Esta é a primeira intervenção de Washington e aliados desde março de 2011 na Síria

Agência France-Presse
postado em 23/09/2014 07:42
Damasco - Os Estados Unidos e seus aliados árabes realizaram bombardeios aéreos contra posições do grupo Estado Islâmico (EI) na Síria, o que abre uma nova frente de combate contra a organização jihadista. Também atacaram posições da Frente Al-Nosra, o braço sírio da Al-Qaeda, ao oeste da província de Aleppo, e mataram pelo menos 30 combatentes e oito civis, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Homem inspeciona os restos de drone que seria dos EUA que se chocou contra uma torre de comunicação em Raqqa, na Síria
De acordo com a ONG, 30 combatentes da Al-Qaeda, a maioria estrangeiros, e oito civis, incluindo uma mulher e três crianças, morreram nos bombardeios ao oeste de Aleppo. Esta é a primeira intervenção de Washington e seus aliados desde março de 2011 na Síria, onde o grupo Estado Islâmico, combatido pelo governo e uma parte dos rebeldes, ocupa territórios perto da fronteira com o Iraque e a Turquia.

O governo do presidente sírio Bashar al-Assad afirmou que foi comunicado na segunda-feira pelos Estados Unidos sobre a intenção de atacar os jihadistas em seu território. Washington considera ilegítimo o governo sírio e apoia as forças moderadas da rebelião. "Posso confirmar que forças dos Estados Unidos e das nações aliadas realizaram ações contra os terroristas do EI na Síria. Realizaram bombardeios e utilizaram mísseis Tomahawk", disse o porta-voz do Pentágono, o contra-almirante John Kirby.

[SAIBAMAIS]Kirby não mencionou as outras nações, mas o canal de televisão ABC citou quatro países árabes do Golfo - Bahrein, Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos - e a Jordânia, que confirmou sua participação. Uma fonte do departamento de Defesa confirmou à AFP que aliados árabes participaram das operações de bombardeio na Síria. Os bombardeios mataram pelo menos 30 jihadistas, segundo o OSDH, que mencionou 40 ataques.



Os bombardeios tiveram como alvos principalmente as posições do EI na província de Raqa (norte da Síria), reduto do grupo jihadista, e objetivos ao leste, na fronteira com o Iraque. A oposição manifestou apoio aos bombardeios. "Esta noite, a comunidade internacional se uniu à nossa luta contra o Estado Islâmico no Iraque e Levante na Síria", afirmou o presidente da Coalizão Nacional Síria (CNS), Hadi al Bahra, que usou o nome anterior do grupo.

Os bombardeios aconteceram no momento em que o EI está em uma ofensiva para tentar controlar a cidade estratégica de Ain al-Arab (Kobaneh, em kurdo), na região curda da Síria. Nos últimos dias, o Estado Islâmico assumiu o controle de 60 localidades da região de Kobaneh, o que provocou a fuga de mais de 130 mil curdos sírios para a Turquia. Na outra frente do conflito sírio, o exército israelense anunciou que derrubou nesta terça-feira um avião sírio, ao que parece um MIG-21, que havia se aproximado da linha de demarcação nas colinas de Golã.

Os destroços do aeronave caíram na parte síria de Golã. O ministro da Defesa de Israel, Moshe Yaalon, afirmou que o país pretende reagir com força contra qualquer ameaça. O ataque às posições do EI na Síria representa uma nova fase da guerra dos Estados Unidos contra a organização, que teve início em 8 de agosto, data dos primeiros bombardeios no Iraque. A decisão de atacar em território sírio foi tomada pelo diretor do Comando Central dos Estados Unidos, general Lloyd Austin, após uma autorização condedida pelo comandante-em-chefe, o presidente Barack Obama, destacou Kirby.

Na segunda-feira, o EI divulgou um apelo aos muçulmanos no qual pedia a morte de cidadãos dos países que integram a coalizão internacional contra a jihad, em particular Estados Unidos e França. Um grupo jihadista argelino vinculado ao EI reivindicou o sequestro de um francês na Argélia e ameaçou matar refém, caso a França continue participando nos ataques no Iraque. O primeiro-ministro francês Manuel Valls afirmou que o governo não terá nenhuma discussão ou negociação com os sequestradores.

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